sexta-feira, 28 de março de 2014

Capítulo 17 - Acidente de percurso

Tive o resto da semana bem conturbada no trabalho, o que é absolutamente normal.
Apesar de todos os afazeres, arrumei um tempo para continuar lendo o diário, pelo menos umas cinco anotações por dia. Não pude evitar a alegria quando a sexta-feira chegou. Decidi que depois do jantar iria ler. Estou chegando em um momento em que realmente não fazia ideia de como minha esposa se sentia. Passara quase um mês (no diário) e parecia que Kazuko adoecera.
Sentei-me no sofá da sala e abri o diário.

Olá diário,
aconteceu uma coisa comigo hoje de manhã.
Dormi no quarto de Makoto, você sabe o porquê. Eu acordei um pouco enjoada e corri para vomitar. Ele acordou por causa do barulho e perguntou:
Kazuko, tá tudo bem?
Sim, Makoto.
Logo me recuperei e fui tomar café como sempre faço. Não haveria nada de anormal se aquele enjoo não estivesse tirando a minha fome. Dessa vez foi Keiko, que estranhando, indagou:
Você quase não comeu. Tem algo errado?
Devo te comido algo que me fez mal.
Ela vomitou lá no quarto – soltou Makoto.
Então é sério! Vou fazer um chá para você agora mesmo.
Keiko fê-lo rapidamente e me deu. Não sou a maior fã de chá, tomei meio que na marra e fazendo caretas pelo gosto amargo.
Logo Makoto saiu, e eu fiquei na sala, ainda um pouco enjoada. Por sorte, o enjoo foi embora pouco depois. Foi após o almoço que ocorreu uma coisa estranha. Fiquei com um sono e acabei cochilando no sofá mesmo. Keiko que me acordou, um pouco surpresa e em seguida dizendo que Makoto estava retornando.
Sem dúvida, ela vai contar-lhe que eu dormi hoje.
Preciso ir, diário. Vou tomar um banho!”
Ao terminar essa leitura, Kazuko apareceu para me dar um beijo de boas-vindas. Sentou-se do meu lado.
— Você não larga esse diário, né, Makoto?
— Deixa de ser chata! Você que deu mole e eu o encontrei.
E eu comecei a fazer cócegas nela! Kazuko se debatia e ria. Gosto disso, até porque adoro a risada dela.
Depois de muitos pedidos insistentes para que eu parasse. Atendi-os.
— Posso ler agora? Vai se incomodar?
— Pode, amor, eu não vou – respondeu rindo.
Então, ela ligou a TV e procurou algo para ver.
Li mais umas três anotações, equivalendo cada uma a um dia. E continuaram acontecendo as mesmas coisas com ela: Passando mal de manhã e dormindo mais que o normal. Considerando que ela não tinha o hábito de dormir fora de horário, era algo estranho.
Keiko me contara estes episódios naquela semana.
Cheguei no trecho em que perdia a paciência e ia levá-la ao médico. A médica, melhor dizendo.

Bom dia diário,
passei mal hoje outra vez. É o quinto dia seguido. Realmente tem algo muito errado comigo.
Acordei Makoto com os sons do meu vômito de novo. Ele falou irritado e sonolento:
Kazuko, você ainda não melhorou disso?!
Deve ser algo que eu comi.
Por cinco dias?!
Eu ia retrucar, mas tive que “pôr para fora” novamente.
Ouvi-o se arrastar até a porta do banheiro e comentou:
Acho que isso é outra coisa. A Keiko tem me contado que continua enjoada, vomitando, sonolenta.
O que quer dizer com isso?
Só que o filho da puta mandou outra pergunta.
Sua menstruação? Tá atrasada?
Fiz um cálculo mental rápido e respondi:
É para vir essa semana.
A semana termina praticamente amanhã – ele parecia pensativo. – E você já está assim. Quer saber, vamos na Dra. Saho hoje!
Por quê?
Acho que é óbvio, Kazuko.
Eu, grávida? Nem pensar! Eu tomei... todos os meus remédios.
Comecei esta fala confiante e certa, porém lembrei dos dias em que fiquei presa no meu quarto e não tomei as pílulas. Minha voz falhara e olhei para ele. A troca de olhares falou por si só!
Lave o rosto e vamos comer!
O enjoo não me permitiu colocar muita coisa para dentro. Makoto carregava uma expressão preocupada. Antes dele ir embora, pude escutar parte de sua conversa com Keiko na cozinha. Dizia que me levaria na ginecologista mais tarde por conta das suspeitas. Quando ligasse, eu deveria me arrumar para assim que chegasse, podermos ir logo.
Saiu da cozinha e repetiu o monólogo para mim. Apenas assenti.
Eu não sei o que pensar com isso. E se eu estiver mesmo grávida? Será que ele vai me punir? Far-se-á o que do meu bebê?
Só posso pedir que me deseje sorte!”

Os medos de Kazuko são bem compreensíveis. Eu fui sempre bem claro que não queria filhos.
Existem histórias de escravas que engravidaram e foram punidas. Essas punições vão desde um simples castigo, como ficar dias sem comer. Até algo mais severo como, literalmente, tomar um surra ou uma punição sexual.
Passei aquele dia inteiro com aquilo martelando na minha cabeça. Não sabia o que faria se a resposta para a minha pergunta fosse um sim. Liguei para o consultório da Rin e marquei o último horário de encaixe. Continuei trabalhando depois.
Segui diretamente para a anotação seguinte, que era, obviamente, depois que voltamos.

Querido diário,
eu e Makoto acabamos de voltar da Rin. Eu ainda não estou acreditando no que ouvi, descobri e o que aconteceu.
Keiko adiantou o jantar, provavelmente, deve ter saído pouco depois que eu e Makoto.
Nós estávamos em um silêncio mortal e agonizante. Um medo absurdo possuía meu corpo. Não fazia ideia do que seria feito de mim, dependendo do que descobríssemos.
Chegamos ao consultório, que se vazio se encontrava. Ele fez os procedimentos e ficamos a espera. Havia só uma outra mulher, que já estava lá, também parecendo que ia explodir. Ela foi antes de mim. Após a sua saída, Rin me chamou.
Senhorita Kazuko e Senhor Makoto, bem-vindos! – deu uma olhada para nós – O que os traz aqui? Afinal, vieram de encaixe.
Desde o início da semana Kazuko está com enjoos e vômitos. Ela também me disse que houve dias em que não tomou o remédio... – se pronunciou Makoto.
E “as regras” atrasadas? – Rin interrompeu.
Respondi fazendo “sim” com a cabeça.
Ok! Kazuko, vista o avental e vamos para a outra sala. E você, Makoto, pode entrar também.
Fiz conforme ela mandou. Na outra sala, ela me fez deitar naquela espécie de maca e realizou os mesmos passos de um exame comum.
Seus seios realmente estão bastante inchados. Não estão doendo?
Parecem do mesmo jeito quando a menstruação está para vir.
Entendi!
Makoto estava do outro lado da cortina, que separava do canto da “maca” do resto da sala até aquele momento. Rin pediu para que eu me levantasse e fosse ao outro lado, onde ficava a máquina de ultrassom. Mas, ela pegou uma espécie de tubo, comprido. Assustada, questionei:
Para que isso?
Este aqui é interno. Se eu fizer por fora não verei nada. Abra as pernas.
Ele já estava do meu lado, tão apreensivo e com medo quanto eu.
Rin passou um pouco de gel na ponta daquela coisa e a colocou na minha vagina. O gelado me fez ter um leve calafrio. Ela mexeu e mexeu. Eu e Makoto não víamos nada, a estava virada contra nós. Então Rin virou a tela e falou:
Parabéns, Kazuko. Você está grávida.
Tudo era colorido naquela imagem. Pude ver um pequeno aglomerado que Rin indicou ser o bebê. Não tinha nem um mês ainda.
Nem eu e nem Makoto tecemos sequer um comentário. Abaixei a cabeça e senti uma lágrima cair. Ela logo notou o clima pesado e disse:
Bem, vou deixá-los a sós. Com licença.
Ele se virou de costas para mim, apoiado na cama. Ouvi-o suspirar. E eu continuava chorando. O destino deste bebê estava nas mãos dele.”

Pois é, a notícia foi um grande choque. Pelo decorrer de tudo dos dias anteriores, era mesmo essa a resposta. Só que nunca estamos preparados para ouvir algo assim de repente. Em um segundo, eu tinha uma vida em minhas mãos e deveria decidir o que fazer com ela.
Quando uma escrava engravida, o bebê que ela carrega pertence ao dono (assim como ela) e ele escolhe o que acontecerá com ele ou não. Há três opções: abortar; levar a gravidez até o final e dar a criança para adoção; ficar com a criança, como um filho. Bem, em certos casos, não deixa de ser.
Não podia olhar para Kazuko naquela hora, ela influenciaria minha decisão.
Muita coisa rolou em minha cabeça no curto período de tempo. Arrumei os pensamentos e cheguei a uma conclusão.

Makoto se virou para mim. Já pressenti algum tipo de bronca, contudo o seu tom de voz e o segurar na minha mão desmentiram isso.
Kazuko, tá tudo bem. Não vou brigar com você, mas também não tirarei sua culpa. O que aconteceu é culpa nossa devido as circunstâncias. Agora temos que encarar as consequências.
O que decidiu? – Rin voltou, indagando meu dono diretamente
Vou ficar com a criança.
Mais nada falou. Rin pediu para vestir as minhas roupas e disse que eu deveria ir ao consultório de duas em duas semanas para o pré-natal ocorrer corretamente.
Voltamos para casa, e eu quis ficar sozinha.
Não sei o que pensar, sobre o que houve e ainda mais sobre a decisão do Makoto. Também não consigo parar de chorar. Não quero nem imaginar o tanto que tudo vai mudar com esse bebê a caminho.”

Que vida não mudaria com outra pessoa chegando?
Ela já tinha problemas comigo, pela visão dela, sem filhos. Com um pioraria tudo.
Fiquei cansado de ler e resolvi fazer companhia a Kazuko (antes, só estava do lado dela). Jantamos e depois fomos dormir, sem esquecer de umas coisinhas.

Capítulo 16 - Reconciliação

Após o jantar, eu, Kazuko e Takumi fomos para o quarto. Ela pôs ele para dormir e foi tomar um banho. Óbvio que era para ficar perfumada para mim. (risos)
Enquanto espero, por que não ler mais um pouco? Lá fui eu para a notação seguinte.

Querido diário,
ontem eu notei que a festa acabou logo. Acho que chateei mesmo Makoto.
Como hoje é domingo, Keiko não está aqui e Makoto sequer falou comigo, nem o vi. Minha barriga está roncando, estou com muita fome! Só não estou pior porque bebi água da pia, que é bem limpa por sinal.
Eu sonhei que morria trancada aqui e me tiravam só quando começou a dar cheiro. Acordei assustada e suando!
Chorei o dia todo e também não fiz nada de útil.
Estou com medo do que pode me acontecer. “Tempo indeterminado” não sai da minha cabeça.
Espero que a Keiko me ajude amanhã.”

Pois é, eu estava mesmo chateado com ela e nem queria olhar para a sua cara. Sei que é algo bem extremo, mas espero que entendam.
A porta do banheiro se abriu e minha esposa se jogou na cama e bem... Acho que já sabem.
No dia seguinte levei o diário para o trabalho, contudo nem tive tempo para ler. Somente em casa mesmo que parei no sofá e finalmente o abri.
Eram anotações da “prisão de Kazuko”. Keiko a alimentou, apesar das minhas ordens. (Ah, o bom senso!)
Passaram-se uns três dias assim no diário, com a mesma situação.
Foi Keiko que, cansada de ver tudo isso, resolveu tomar uma atitude.

Diário,
esqueci de lhe contar. Coloquei algo em sua capa, escrevi: O diário da escrava. É isso o que eu sou né? Com finalidade de servir aos ricos.
É o quinto dia do meu cárcere e graças a Keiko eu não morrerei de fome. Ela me traz todas as refeições, inclusive o jantar, só que um pouco mais cedo.
E hoje, durante o almoço, ela conversou comigo:
–Não era para eu fazer isso. Makoto me deu ordens explícitas.
–E por que fez, Keiko?
–Ora, não poderia te deixar morrer de fome. Eu me preocupo com você.
–Eu agradeço. Não sei o que seria de mim sem você.
–Você precisa, Kazuko, é se resolver com o Makoto. Ele ficou triste por sua causa e nem aproveitou o resto do aniversário dele. - ela passou a mão no meu cabelo – Eu sei que o que fez não foi para feri-lo diretamente, mas tem que pedir desculpas a ele.
–Como farei isso?
–Como eu entro aqui? - fez careta – Eu abro para você. E não se preocupe, ele vai te ouvir.”

Eu sabia que a Keiko estava desobedecendo-me, porém o meu bom senso deixou para lá por causa da Kazuko mesmo. Isto é bem do feitio da Keiko, o seu lado mais humano. (risos)

–E o que eu falo para ele?
–Ah, isso só você pode saber. Terá um tempo para pensar nisso.
Ela recolheu a mesa (sim, tem uma no meu quarto). Antes de sair, falou:
–Não esqueça de dar o presente de aniversário dele.
Passei o resto da tarde pensando sobre e como falar com ele.
Eu não montei nenhum discurso pronto, só arrumei as ideias na minha própria mente.
Já ouvi a voz do Makoto, ele já chegou. Logo a Keiko deve me chamar.
Deseje-me sorte, diário.”

Minha leitura foi interrompida pelo jantar. E sempre naquele clima agradável.
Logo Keiko foi para casa e Kazuko, eu e Takumi estávamos na sala. Kazuko via televisão e eu fui continuar a leitura da anotação seguinte.

Querido diário,
é de manhã agora e estou me sentindo bem. Eu fiz as pazes com o Makoto, porém foi uma situação bem complicada. Contarei!
Não tardou muito e Keiko me chamou. Peguei o presente e fui a caminho da sala, tomando o máximo de coragem que podia.
Keiko me acompanhara até lá, desejou-me boa sorte e voltou às suas tarefas.
–Makoto! - falei
Ele se virou, fez uma careta e reclamou:
–Ah... Keiko!
Aproximei-me dele e me ajoelhei a sua frente no sofá.
–Eu preciso falar com você, Makoto.
–E o que quer?! - ele indagou, impaciente
–Quero te pedir desculpas.- disse cabisbaixa, não conseguia olhar para ele – Eu estraguei o seu aniversário e te fiz passar vergonha diante de conhecidos.
Nesse momento, as lágrimas já escorriam de meus olhos e fora de controle. Prossegui:
–Eu sou uma idiota e a pior pessoa do mundo. Me desculpa!”

Lembro-me dessa voz chorosa dela. Realmente havia arrependimento e também medo. Ela não queria mais ficar trancafiada no quarto.

Eu mantive a cabeça baixa o tempo todo, por vergonha.
Makoto pegou meu queixo e levantou meu rosto. Olho fundo na minha faceta triste. Então, perguntou:
–Você tem ideia do problema que me causou?
Eu assenti.
–Por sorte, o meu chefe levou numa boa, porque ele sabe que sou um bom funcionário! Se não fosse, já estaria demitido e por sua causa, até com a reputação manchada!
Mais lágrimas caíram. Eu forcei minha cabeça para baixo.
–Kazuko, olha para mim. - ele chamou, num tom mais calmo.
–Perdoe-me, Makoto. - foi só o que me veio para falar – Eu sei que o que fiz foi errado e faço qualquer coisa para compensar meu erro.
Ele manteve-se calado. Então, recordei-me do presente.
–Ah, isso é pelo seu aniversário.- estiquei o pacote na direção dele – Parabéns... atrasado!
Ele pegou e abriu. Ele sorriu quando viu a gravata entendeu o motivo da blusa preta.
–Obrigado mesmo, Kazuko. - comentou, fazendo gesto para me abraçar
Ele me deu um abraço tão apertado, que por pouco não fico sem ar.”

A minha raiva já tinha passado. Foi bem mesmo pela hora que aconteceu. Com certeza, no lugar dela, teria feito algo parecido.
Não dá para manter este rancor por muito tempo quanto a pessoa que minha esposa é.
E os meus abraços apertados? Os faço até hoje e ela reclama também. (risos)

Eu entendi este abraço como um “desculpas aceitas” de Makoto. E era isso mesmo!
Depois disso tudo voltou ao normal. Ele me disse para ir ao quarto com ele, após o jantar. Acabamos fazendo. Duas vezes. Uma comigo no comando e a outra com ele.
Antes de dormirmos, prometi a ele:
–Makoto, eu prometo nunca mais fazer esse tipo de coisa e te causar problemas.
Makoto sorriu e comentou:
–Tudo bem. Mas no caso da Yoko, ela mereceu.
Rimos e adormecemos em seguida.
Estes dias trancada no quarto, fiquei sem tomar o meu remédio. Voltei a tomar hoje. Espero que nada me aconteça.
Até diário!”

Terminei de ler e soltei um bocejo. Fora um dia cansativo e só queria a cama.
–Caramba, amor, que sono é esse? - falou Kazuko rindo - E o que lia no diário?
–Quando você me pediu desculpas por ter me chateado no meu aniversário.
–Isso. Não sei realmente o que tinha na cabeça quando fiz aquilo.
–São coisas de momento, Kazuko. Somos levados pelo instinto e um forte sentimento e acabamos agindo sem pensar.
Ela desligou a TV e fomos para o quarto.
Tomamos banho juntos (com a porta aberta, caso Takumi chorasse) e depois nos rendemos aos braços de Morfeu. Afinal, eu estava cansado e tinha muito trabalho a fazer no dia seguinte.

Capítulo 15 - Festa de Makoto

O julgamento no dia seguinte demorou a acabar. Iniciou-se a sessão às 9h da manhã e a sentença saiu pouco após o recesso do almoço. Foi bem difícil, mas consegui ganhar a causa. Era uma partilha de bens entre os entes de um falecido.
Eu me senti liberto quando aquilo acabou. Poderia voltar para casa mais cedo e dar atenção a Kazuko e Takumi, o que não fazia tinha dias.
Peguei o carro e fui para casa. Porém, quando entrei, estava tudo muito quieto. Kazuko e Keiko devem ter saído e sei lá para quê.
Tomei um banho e aproveitei para continuar minha leitura. E do mesmo jeito que na noite anterior, abri o caderno e fui me recordar do meu 22° aniversário.

Olá diário,
hoje (pelo menos até agora) o dia foi bem tranquilo...Entre aspas né? Arrumar festa definitivamente não é uma coisa calma. Afinal, tem que estar tudo impecável.
Mas... Vamos por partes...
A primeira coisa fiz quando vi Makoto foi abraçá-lo e lhe desejar “Parabéns!”.
Keiko deu o seu presente para ele logo de manhã. Era a camisa preta. Sendo assim, a gravata estava comigo. Ele até perguntou se iria dar-lhe um presente, falei que mais tarde.
O dia foi regado a bastante agitação. Tudo ficou pronto bem cedo, no meio da tarde. Nós três ficamos na sala conversando e rindo. As horas passaram e fomos nos arrumar. Já estou com a minha roupa. Eu só tenho que arrumar o cabelo. Farei uma trança mesmo.
Eu nem sei quem Makoto convidou. Deve ter chamado o pai e as suas madrastas. Só espero que a Yoko não. Por favor, ela não!
Agora tenho que ir!”

Acabei este “capítulo” e a porta abriu. Era Kazuko!
–Já em casa, amor?
–Acabou mais cedo. Ainda bem, eu não aguentava mais.
–Ai, que coisa boa! Vou fazer um jantar bem gostoso para nós hoje então.
–E o que vai ser?
–É surpresa! - Ela me deu um beijo – Pode continuar a ler.
Então, prossegui para o próximo trecho.

Diário,
sei que voltei rápido, até demais. Mas é que preciso desabafar!
Só para constar, ainda está acontecendo a festa do Makoto lá fora.
Saí assim que acabei de escrever. Keiko e sua família já estavam presentes. Não demorou muito e o pai dele, as madrastas e Kyosuke chegarem.
E cada vez mais pessoas adentravam ao apartamento de Makoto. Ele me apresentava a todas elas. Colegas de trabalho, amigos de infância, de colégio, de faculdade. Então, apareceu... O chefe de Makoto chegou com a esposa: Yoko. Ela me olhou com uma cara de ódio. Pressenti que aconteceria alguma coisa e não estava errada.
Eu estava ajudando a Keiko a servir os convidados e era perceptível que Yoko estava abusando de mim. Toda hora me chamava pedindo alguma coisa. Ela queria me irritar, mas se tem uma coisa que a minha mãe me ensinou foi a ter educação. Por mais filha da puta que ela seja e que você a odeie.
Yoko notou que não funcionava tão fácil assim e resolveu piorar sua atitude.
Levei o suco para ela, de propósito ela derrubou a bandeja. O copo caiu no chão e quebrou. O chão ficou sujo de suco. Todos tomaram um susto com o barulho.
–Sua desajeitada! Molhou o meu sapato novo.
–Desculpe. Já vou secar e lhe trazer outro suco.”

Eu me lembro bem do que aconteceu nesse dia. Yoko estava tentando irritar Kazuko e logo ela conseguiria.

Keiko me ajudou a limpar a bagunça. Voltei a cozinha para pegar o suco.
No caminho de volta, ao olhar na direção dela, a ouvi falando com a amiga. E eu sei sobre o que falava: sobre mim, contava a história do dia anterior. E pela proximidade pude escutar nitidamente:
–Mas veja como são as coisas, hoje ela está aqui, me servindo. Fazendo como todos os pobres fazem em relação aos ricos. Não há vingança mais doce do que a própria realidade.
Yoko não me percebera aproximando-me dela. Um turbilhão de coisas passaram pela minha cabeça, mas palavras não bastariam. Eu tomei uma atitude!
Peguei o copo de suco que carregava e virei-o naquele cabelo totalmente produzido pelo laque. Ela deu um berro de raiva (que despertou a atenção de todos) e então, finalmente desengasguei:
–Olha só, eu não estou aqui para te servir. Você não me comprou, foi outra pessoa. Infelizmente, é a ela que devo servir e não você, querida.
No momento em que me virei, Makoto me agarrou forte pelo braço e me arrastou para o meu quarto.
Sem contar os comentários que ouvi dos outros convidados: “Nossa, que horror!”, “Essa garota tem que saber o lugar dela!”.
Ao chegarmos na porta, Makoto me indagou, muito irritado:
–Por que você fez aquilo?!
–Porque ela me desrespeitou e me irritou.
–Ela é mulher do meu chefe! Sua atitude pode me trazer sérios problemas!
–Mas é que... - gaguejei
–”Mas é que”, porra nenhuma! Kazuko, você tem que aprender qual é o seu lugar! - ele vociferou”

Por que eu fiz isso? Briguei com Kazuko desse jeito?
Primeiro porque eu realmente não gostei da atitude dela. Apesar da Yoko merecer!
Segundo foram os olhares de todos para mim quando aconteceu. Algo como: Faça alguma coisa!
E deu no que Kazuko contou no diário. E isso praticamente destruiu o meu aniversário.
Pedi auxílio a Keiko quanto a Yoko. Desculpei-me com o meu chefe, com a maior vergonha do mundo. Ele me disse:
–Tudo bem, Makoto. Só tem que aprender a controlar essa fera para não ocorrer outra vez.
E o meu pai?
–Ela tem um gênio forte, filho. Precisa ensiná-la, senão pode acontecer coisa pior.
A festa teve pouco mais de uma hora depois disso. Dispensei todos, tomei um banho e fui dormir.
Agora voltando ao diário...

Ele abruptamente abriu a porta e me atirou no quarto. Eu já chorava a esta altura.
–Castigo por tempo indeterminado. - e bateu a porta
Eu estou chorando até agora, mesmo escrevendo isso. Fiquei assustada com o jeito do Makoto e com medo do que pode me acontecer.
Só me resta fazer duas coisas: Chorar e esperar a poeira abaixar.”

Pude ouvir a voz de Kazuko me chamando, deixei o diário de lado e corri até a cozinha. Senti um cheiro bom de carne.
–Oba! Carne assada.
–É! - Ela falou sorrindo - E o que estava lendo no diário?
–Sobre a minha festa de 22 anos.
–Eu não sei o que tinha na cabeça quando fiz aquilo.
–Você ficou com raiva, Kazuko, é compreensível.
–Do mesmo jeito que teve de mim.
–Pois é! Mas, vamos esquecer isso. Já passou!
Dei um beijo nela e fiquei na sala brincando com Takumi até o jantar estar pronto.

Capítulo 14 - Preparativos

Um caso grande me ocupou muito nesta última semana. As únicas horas que tive para ler foram em casa antes de dormir. Estava acompanhando as vésperas do meu 22° aniversário.
Os preparativos da minha festa estavam nas mãos de Keiko e Kazuko. E ambas, muito animadas.
E lá estava eu, em mais um daqueles momentos em que se espera o sono chegar. Nada como ler um pouco para ajudar. Abri o diário!

Querido diário,
desculpe-me não ter escrito ontem. É que realmente os preparativos para o aniversário do Makoto estão tomando muito o meu tempo. Afinal, somos apenas eu e a Keiko cuidando de tudo. Makoto apenas opina no que quer.
Ontem, nós saímos para comprar as coisas para decorar a casa e preparar o cardápio. A casa ficaria decorada com velas e flores artificiais, espalhadas por toda a sala. Aproveitamos e também compramos o presente do Makoto. Na verdade, a Keiko pagou por eles e me um para presenteá-lo. Era uma camisa preta e uma gravata branca, ambas que ele não tem.
O cardápio será bem simples: apenas algumas bebidas e sanduíches. A festa será bem simples também e apenas para os mais próximos.
Voltei para casa exausta, afinal, andei bastante e carreguei peso. Por conta disso, Makoto deixou eu ficar no meu quarto. E o meu cansaço foi o motivo por não ter escrito. Apenas tomei um banho e logo dormi.
Acordei com a luz do Sol batendo no meu rosto. Levantei, fui ao banheiro (e fiz as coisas que costumo fazer, só não troquei de roupa), coloquei o roupão e fuitomar café.
–Bom dia, Makoto!
–Bom dia, Kazuko. Dormiu bem?
–Sim. Uma pena que o Sol me acordou.
Makoto riu.
Sentei-me a mesa e notei que meu dono trajava pijamas, então, indaguei:
–Não vai trabalhar hoje?
–Meu chefe deu-me a “folga de aniversário”. Como o meu é amanhã e será final de semana, ele jogou para a sexta-feira.
–Entendi. Vai ajudar eu e Keiko hoje?
–Claro. Mas primeiro vou fazer umas coisas na rua... E você vai comigo.
–Como assim?
–Surpresa.
Fiz uma cara de emburrada, eu odeio esses segredinhos. É porque eu sou uma pessoa muito curiosa e odeio ficar nessa expectativa. Mas o que eu poderia fazer? Somente esperar!
Terminei de comer, troquei de roupa. Eu e Makoto saímos. Ele dirigiu até o centro comercial da cidade. E eu me perguntava o que faríamos ali. Estacionou o carro em frente a uma loja chique e de nome muito difícil, cujo jamais conseguiria pronunciar.
Entramos e a vendedora nos recebeu. Makoto pediu auxílio para escolher algo para usar na festa.
–Você entende mais disso do que eu.
Peguei uma calça jeans clara, uma camisa polo azul-marinho e um tênis tipo esportivo. Falei para Makoto experimentar. Ele me olhou receoso, não sabia como ficaria. Foi ao provador e eu me sentei ali perto e aguardei.
Logo ele saiu e com um enorme sorriso estampado, desfilou para mim. Tinha ficado muito bem.
–Você gostou? - perguntou
–Sim! - respondi rindo- Parece que eu acertei.
–Sem dúvida!
Se olhou um pouco no espelho que havia ali perto, depois voltou e trocou de roupa. Pediu para a vendedora separar tudo que ele levaria. Chamou-me em seguida:
–Kazuko, vamos para a ala feminina.
–Fazer o quê lá?
–Escolher uma roupa para você!
–Ah?
–Vou usar roupa nova na festa e você também.”

Mulheres entendem mais de moda do que nós homens. Kazuko não é exceção!
E por que eu fui comparar roupas para usar no meu aniversário?
Primeiro, porque eu quis. Segundo, até hoje eu não tenho muitas roupas além dos meus ternos, que uso para trabalhar. E não faz mal comprar algo novo de vez em quando.(risos)

Não pude evitar uma careta, meio desacreditada.
Depressa fui para lá, na frente de Makoto. Na área dos vestidos. Era muita coisa para escolher e nem sabia por onde começar.
Passeando por entre as araras de roupas, peguei um modelo de cada cor que eu gostasse. Nos pretos havia uma mulher, de meia idade, que me olhou torto. Ela viu a quantidade de vestidos que carregava.
–Vai levar tudo isso?
Fiquei meio: Não acredito que ela está falando comigo. Tive que responder:
–Vou experimentá-los.
–E levar o mais baratos ou nenhum. Não sei o que vocês pobres vem fazer deste lado.
Eu não aguentei e tive que dar um corte nela.
–Olha, não te interessa o que eu farei com todos estes vestidos. Se eu levarei ou não. E não me julgue apenas pela minha aparência. Largue esse seu preconceito e minha vida para lá. - peguei o que queria – Com licença!
Dirigi-me ao provador e experimentei um por um. O que ficou melhor mesmo foi o preto, ele tinha uns detalhes brancos. Só faltavam os sapatos. Sai em busca deles. Encontrei Makoto sentado ali na frente.
–Gostei deste! - falou rindo
–Só preciso de um sapato para combinar. Não tenho nenhum!
Ele se levantou, parecia que viu alguma coisa. Trouxe um par de botas curtas e pretas, de salto.
–Que tal esse?
Calcei e me olhei no espelho. As botas eram lindas e encaixaram perfeitamente com meus pés e o vestido. Eu gostei e Makoto também!
Troquei de roupa e fomos pagar por tudo. Aquela mulher ainda estava lá e Makoto a conhecia. Cumprimentou-a e me apresentou a ela. Nós duas fingimos que nada de antes acontecera. A tal é esposa do chefe de Makoto.
Que mundo pequeno!”

Eu nem sabia que isso tinha acontecido. Essa é uma atitude típica dela, a mulher do meu chefe. Ela sempre foi assim preconceituosa. Até hoje!
Ela tem bastante sorte por ser rica, se fosse como minha esposa era antes, alguém dava um jeito dela calar a boca.

E descobri o nome dela: Yoko.
Sem dúvida ver-la-ei novamente no aniversário de Makoto.
Então voltamos para casa e eu estava muito feliz por ter comprado a roupa e finalmente poder ajudar a Keiko.
Eu, ela e Makoto passamos o dia arrumando a casa e preparando a comida e as louças. Amanhã vamos decorar tudo.
Agora, depois de mais um dia exaustivo, eu vou dormir. Amanhã tenho uma festa e estou ansiosa por ela. Faz tempo que não vou a uma. (risos)”

Dei um bocejo. O sono chegara.
E eu tenho ainda mais daquele julgamento no dia seguinte e estava rezando para a sentença sair logo e poder relaxar.
Larguei o diário na mesa de cabeceira. Apaguei o abajur. Kazuko dormia e Takumi também. Ajeitei-me, dei um beijo na testa da minha esposa, abracei-a e dormi.

Capítulo 13 - Apenas um passeio

No dia seguinte, lá estava eu lendo o diário de novo. Eu não consigo me controlar e ultimamente tenho dado “uns grandes saltos”. Por sorte, não havia nenhum colega de trabalho me rodeando, era apenas a Kazuko e o Takumi. Keiko já foi para casa.
Minha esposa estava, sentada ao meu lado na cama, amamentando nosso pimpolho. (risos) Logo percebeu que iria ler mais um pouco e nem se incomodou. Continuei a ler...

Querido diário,
agora são mais de meia-noite. Sei que essa hora era para estar no quarto de Makoto. Porém, hoje ele me levou a um lugar lindo... Vamos por partes!
Makoto saiu, como na maioria dos dias. Auxiliei Keiko um pouco nas coisas da casa e fui a biblioteca. Acabei o outro livro que lia, aquele sobre magos elementais e tal. Vasculhei aquelas enormes prateleiras, nos dois andares do cômodo. Parece que estou em uma livraria em que posso levar qualquer coisa. Tá! Eu exagerei!
Peguei mais uma história de fantasia, afinal, eu preciso esquecer essa minha vida de escrava um pouco. E como não posso sair, minha única forma de ir a outro lugar é através da leitura.”

Ela sempre tentava escapar do que vivia. Eu nunca consegui sequer me imaginar no lugar dela. Mas eu sempre tive uma ótima noção do que ela passava. Eu vi isto a minha vida toda.

Mais um daqueles universos com diversas dimensões paralelas entre si. Seres místicos e com grandes poderes.
Um grande vilão, que quer de qualquer maneira ter tudo aquilo sobre o seu comando. E ele não medirá esforços para conquistar esse propósito.
De certa forma, isto lembra a mim mesma.
Eu sou a mocinha e a heroína da história e tenho que lutar pelo o que quero.
Makoto é o vilão, o que ele quer dominar é a minha vida, ou melhor dizendo, me dominar. Como se eu fosse algum tipo de ser indomável e rebelde.
E estou realmente curiosa para saber como esta história irá se desenvolver e terminar.
O resto do meu dia se passou de acordo com a rotina que você já conhece.
Makoto retornou e jantamos. Após isso, ele pediu para eu trocar de roupa, pois me levaria a um lugar. Vesti-me depressa, descemos e saímos. Makoto dirigiu para a direção contrária da cidade. Começamos a subir e subir.
Minutos depois, chegamos finalmente. Era o topo de uma das montanhas ao redor da cidade.
Saltamos do carro e fomos a frente dele, a fim de olhar a vista. Quando vi, me impressionei! Nunca tive uma visão tão linda da cidade.
Pela primeira vez, ela não estava cinza, eu via cores e mais cores, espalhadas em vários pontinhos. A minha volta tinha a grama e as árvores. Fechei os olhos e respirei fundo. Eu guardei este momento em minha mente. De repente, soprou uma brisa gelada, que fez eu me bater de frio. Makoto colocou seu paletó em meus ombros.
–Obrigada, Makoto! - agradeci sorrindo
–De nada.
Um breve silêncio se fez. Depois, eu perguntei:
–Por que me trouxe aqui?
–Ora, só queria te mostrar um lugar que eu gosto. E pelo que percebi, gostou também.
–Nunca vi nada igual.
–Sei disso! Quem vive do lado pobre da cidade não sai de lá.
–E sem cinza... - completei, sem graça
–Sem cinza! - disse rindo
Senti o braço de Makoto passar por trás de mim e sua mão pousou pouco abaixo do meu ombro.
Ele me abraçou? Foi isso mesmo? “Ele quer alguma coisa”, pensei.
–Quer ir para o carro? - questionei
–Será que não posso simplesmente abraçar você?
Fiquei encabulada e com vergonha, por isso me calei. Makoto continuou:
–Não precisa ficar envergonhada. - sorriu – Acho que você sempre fica um pé atrás comigo. Não te culpo! - me puxou para mais perto – Será que podemos ser mais próximos?
–Eu não sei, Makoto.
–Você dorme comigo todas noites praticamente. Eu não consigo manter uma relação com você, tipo dono e escrava.
–Entendo. Essa hierarquia pesa demais.
–Podemos esquecê-la e sermos amigos? O que acha?
–Por mim, tudo bem.
Então encostei minha cabeça em seu ombro. Ficamos olhando aquele conjunto de luzes por um tempo. Makoto soltou de repente:
–Sabe, Kazuko, apesar de te conhecer pouco, gosto muito de você.
–Eu também, Makoto. - falei sorrindo”

Aquele momento em que se fica totalmente envergonhado é esse.
É estranho um dono gostar de sua escrava. Realmente, não é algo comum! Eu me sentia estranho por isso. E não! Eu não estava apaixonado pela Kazuko... Ainda.
Ela colocou o menino no berço e depois ficou apoiada em mim, de maneira bem semelhante ao que lia. Nem falou nada, só ficou ali. Parecia que também estava dando umas escapadas e lendo.
Então, eu prossegui...

Eu estou até agora tentando entender o porquê dele ter dito isso. Só espero que tenha sido sincero. Com toda essa situação, eu também gosto do Makoto. Da companhia dele. O que me assustou e surpreendeu foi ter comentado, assim, do nada. Em seguida, ele puxou outro assunto:
–Você sabe que meu aniversário está chegando, Kazuko?
–Não sabia. Nem sei a data do seu aniversário.
–Eu quero que ajude a Keiko nos preparativos. Vou dar uma festa em casa.
–Tipo essas coisas de comida e decoração?
–Isso mesmo. E outra coisa: Também quero que participe da festa.
–Como convidada?
–Sim. Você faz parte da minha vida. - deu uma breve pausa e falou – Posso contar contigo?
–Claro, Makoto.
–Fico feliz. Sério!
–Eu quero é saber o que fará no meu aniversário.
–Podemos ver isso depois.
E eu ri. Ele sabia que estava de brincadeira com ele.
Ficamos mais uns cinco minutos, entramos no carro e voltamos para casa. No caminho, Makoto colocou música e era uma que gostava. Não me contive em não cantar. Ele achou engraçado e comentou:
–Você canta bem!
Ao chegarmos, Makoto mandou-me dormir no meu quarto. Perguntei se ele tinha certeza, ele disse que sim. Vim para cá e tomei um banho. Admito que estou ansiosa pelo aniversário do Makoto. Conversarei com Keiko sobre o mais rápido possível.
Agora eu dormirei.
Boa noite!”

Fechei o caderno e pus no criado-mudo.
Kazuko me abraçou, mas de um jeito que... Bem... “Quer brincar um pouquinho?”
E foi o que fizemos.

Capítulo 12 - Ajudando Makoto no escritório

No horário de almoço da segunda-feira, após comer, resolvi pegar o diário para ler. Abri e continuei da anotação de onde parara no dia anterior, se bem que dei uma bela lida antes de dormir.

Bom dia diário,
desde ontem que eu não escrevo. Achei estranho o Makoto não ter ido trabalhar ontem. Ele tomou café na maior paciência do mundo e depois foi resolver umas coisas no escritório que tem aqui no apartamento dele. Ajudei a Keiko a arrumar por ali pela sala e a minha curiosidade levou minhas pernas até onde Makoto estava.”

Sabe aqueles dias que você simplesmente não quer ir trabalhar? Pois é, era um dia desses.
Não que eu seja preguiçoso, nem goste do que faço. Não é nada disso! Eu gosto mesmo é de tirar uma folga das pessoas que trabalham comigo. Tem dias que eu simplesmente não tenho saco para aguentar aquela cobrança e reclamação. Digo ao chefe que trabalharei em casa e ele nem resmunga. Eu rendo até mais!

Ao me ver, ele questionou:
–O que faz aqui? Não devia estar com a Keiko?
–Eu vim por curiosidade.
–Ora, vão vê que estou trabalhando? Não quero que me atrapalhe.
–Então, por que não foi lá hoje?
–Quero trabalhar em casa. Tem dia que não aguento eles, são uns chatos. Mas com você agora, parece até a mesma coisa.
Esta última frase tocou em mim. Eu? Chata? Respondi cabisbaixa:
–Perdoe-me, Makoto. Não vou incomodar mais.
E sai. Retornei a sala e fique lá, assisto a um programa, assim como o Makoto falou: chato.
Keiko logo notou a minha mudança de humor e veio conversar:
–O que aconteceu, Kazuko?
–Makoto foi grosso comigo.
–Tem dias que ele acorda com espinhos na boca e sai cuspindo-os em qualquer um. Ele só deve estar irritado com você o questionando e tirando a concentração dele.
–Mesma assim, eu me sinto mal. Sinto que não sou nada, sabe, Keiko?
–Eu entendo, querida. Quer um doce para se animar?
–Não tem sorvete para eu afogar as mágoas?
Ela riu e completou.
–Tem sim. Eu pego e dividimos.”

Tem horas que até eu me impressiono com as minhas grosserias. E o pior que falo sem pensar. Naquele dia senti-me arrependido depois.

Ela pegou e eu me acabei naquele sorvete. E fiz a minha mania de morder diversas vezes.
Estava me animando quando o telefone tocou, Keiko correu para atender. Após algumas palavras afirmativas, ela me pediu:
–Kazuko, leve o telefone para Makoto. É o chefe dele.
Tomei o telefone e fui depressa ao escritório.
–É o seu chefe! Quer falar com você, Makoto. - fui direta
–Obrigado!
Então ele começou a conversar com o chefe e eu não perguntei se podia sair, fiquei, sem graça, ouvindo algumas palavras difíceis. Ao final do telefonema...
–Não precisava ter escutado minha conversa.
–Desculpa. Não sabia que podia sair. Fiquei aqui, sem nada entender desta conversa.
Eu me senti triste novamente e uma bendita lágrima caiu dos meus olhos. Makoto, rápido, se levantou.
–Por que está chorando? - disse enxugando meu rosto
Tirei sua mão e respondi:
–Não é nada. Sou só uma chata que te incomoda.
Eu ia sair, contudo Makoto agarrou meu braço.
–Acho que é por causa do que eu falei.
–Você acha? - comentei irônica
–Desculpe-me. É que... Detesto que me perturbem quando estou trabalhando.
–Eu não sabia.
–Sei que não, mas agora sabe. - disse, acariciando meu rosto – Quer me ajudar em uma coisa?
–No que?
–Bem... Essa papelada tá uma bagunça. Poderia ser tudo no computador, mas parece que essa parte não avança. Arruma para mim?
–Claro.
–Em ordem alfabética.”

Pois é, uma coisa que não me conforma: Para quê tanto papel?
Eu já me enrolo o suficiente sem eles. Com eles, nem se fala.
Justiça é lerda que só!

Primeiro, juntei todos aqueles papéis e fui organizando. Acho que eram clientes do Makoto e eram muitos. Enquanto isso ele estava vidrado naquela tela brilhante.
–O que tanto faz?
–Estou fazendo umas petições. O pessoal pede tudo em cima da hora. É uma merda!
Não evitei de rir.
–Merda?
–Eu fico atolado de coisas. Se fosse para lá hoje, sem dúvida estaria com o triplo.
–Tanto trabalho assim?
–É! Só que em casa rendo melhor, por causa do silêncio e tudo mais.
–Estou atrapalhando?
–Não. Fazendo isso, tira um quinto do que tenho que fazer.
Ao terminar com a papelada. Makoto me pediu para pegar um livro aqui e outro lá. Organizar outras. Tudo até depois do almoço. E antes do lanche da tarde, nós terminamos.
Eu, Makoto e Keiko nos divertimos conversando. Após o jantar, Keiko saiu e eu tive uma ideia ótima para o Makoto naquela noite.”

Hum... Eu me lembro disso. (risos)
–Makoto, o que está lendo? - um colega de trabalho me perguntou, quase que cai da cadeira – Tão entretido.
–É um livro! - menti
–Sobre?
–Uma garota que foi comprada com escrava e escreveu um diário, contando o que passa com o dono.
–O nome? Me parece bom!
–É... - engoli seco. E agora? Vi a capa manuscrita dele. - O diário da escrava amada.
–Procurarei.
E ele voltou a sua mesa. Caramba! Foi por pouco.
Retomei o fôlego, olhei em volta e abri o diário.

Falei que tomaria um banho e que ele me esperasse no escritório. É, diário, deve conhecer fantasia da secretária. Isso que fiz!
Peguei um terninho que eu tenho e usei no colégio umas duas vezes, vesti-o. Seria a secretária do meu dono naquela noite.
Sai do quarto e fui ao escritório. Makoto estava sentado em sua cadeira, distraído, girando a caneta.
–Sr. Miyasaki! - chamei
Seu olhar se levantou e ele se surpreendeu ao ver como estava.”

Sentia minha imaginação voar e me corpo fervilhar nessa hora.

Diga, Srta. Hirasawa?
–É que... Está um calor. - falei tirando o blazer
Makoto se levantou enquanto eu me aproximava.
–Eu concordo!
Eu notei que ele estava adorando aquilo.
–Sabe, tem um cliente tão chato que não para de ligar.
–E disse que estava ocupado?
–Disse! Mas ele ainda insiste.
–Deixe ele para lá! - falou abrindo os botões da minha blusa
Eu nem comentei nada. Permiti que Makoto fizesse o que queria comigo. Ele tirou a minha blusa e meu sutiã e se deliciou com os meus seios. Eu soltei uns gemidos baixos.
–Não quer que eu faça em você, Sr. Miyasaki?
–Não é necessário.
Makoto arrancou a minha calcinha e me deixou ainda de saia. Ele se despiu apenas na parte de baixo. Eu vi como ele estava e não fiz nada demais.”

Fantasias, Kazuko! O nome disso são fantasias e elas são bem mais poderosas do que muitos estímulos.

Ele me jogou de bruços na mesa e com a mão, ele fez um pouco em mim. Depois ele penetrou.
Aquela era uma posição diferente, e cada vez que ele entrava sentia um arrepio na espinha. E a minha voz não era diferente, estava com vergonha de gemer tanto.
Não demorou muito e Makoto gozou. Ele caiu em cima do meu corpo e eu senti sua respiração forte em meu ombro.
Se recuperou e fomos ao quarto dele para dormir. Antes de me desejar boa noite, ele comentou:
–Você podia fazer isso mais vezes. - e riu – Gostei desta brincadeira.
Eu dei um sorriso tímido e com certeza devo ter ficado vermelha. Ele me deu um beijo na testa, desejou-me boa noite e adormecemos.
E hoje, ele foi ao trabalho.
Vou tomar um banho e fazer as minhas outras coisas.
Até!”

Fechei o diário e olhei na direção em que meu colega senta. Ele estava atento a me observar. Medonho!
Acenei para ele, que sorriu.
Guardei o diário e prossegui com o meu serviço, mesmo que o horário de almoço não tivesse terminado.
Mais tarde, em casa, contei a minha esposa sobre o que li. Deixei, subjetivamente, no ar uma vontade de que eu queria que ela fizesse aquilo comigo. Kazuko, que não é boba nem nada, logo percebeu e acabou me satisfazendo aquela noite.

Capítulo 11 - Jantar na casa de Keiko

No dia seguinte, acordei bem cedo, pois estava sem sono. Peguei o diário de Kazuko e fui a outro cômodo, o meu escritório. Primeiro comi alguma coisa. Sem dúvida, todos acordariam tarde, teria tempo para ler bastante. E foi o que aconteceu. Eu li o tempo de quase duas semanas no diário. Os assuntos, eram os mesmo: Eu, Keiko e as leituras de Kazuko. Até a marcação do jantar na casa da Keiko. E era sobre este dia que eu leria agora. Dei uma espreguiçada e uma estalada nos ossos. Continuei da data do dia seguinte.

Olá diário,
Agora é manhã de uma sexta-feira. Está um dia lindo lá fora. Uma pena que não posso sair. Tudo bem que os prédios não compõem uma boa paisagem junto ao céu e nem do “meu lado da cidade” é assim. Sempre quis ir e ver um lugar com uma paisagem natural. Nada de cinza! Detesto cinza.
Lembra que eu disse ontem que jantaria na casa da Keiko? Pois é, fui assim que terminei de escrever aqui. Eu e Makoto descemos e fomos de carro. Keiko fora embora mais cedo para adiantar o jantar.
Ela morava próximo a casa do pai de Makoto. Digo, na região das casas, só que nas mais simples.
Keiko nos recebeu com aquele enorme sorriso e alegria que só ela tem. Apresentou-me a família dela: O marido Daisuke e os filhos Mio e Daiki. Em seguida, retornou a cozinha.
Ofereci-me para ajudá-la. Sabe o que ela respondeu?
–Nada disso! Aqui você é visita. Fique na sala com os outros.
O resto da casa não conteve a gargalhada. Sentei-me ao lado de Makoto e ficamos conversando. A filha de Keiko era a mais curiosa acerca de mim.
–Kazuko, você tem quantos anos?
–Tenho dezessete, Mio.
–Eu tenho 13. - e confessou – Não me imaginaria no seu lugar. Deve ser horrível ir ao centro de escravos todas as noites, não é?
–Horrível e traumatizante. Odeio aquele lugar! Ainda bem que não precisa fazer essas coisas, pode aproveitar sua vida.
–É... A minha liberdade também.”

Deixa eu explicar uma coisa. Por que a filha de Keiko não era oferecida como escrava, já que ela não é de classe alta como eu?
As pessoas que moram “do lado rico” da cidade, não precisam ser submetidas aos traumas de ser escravos. Isso porque eles já oferecem serviço aos ricos, de outra maneira. No caso de Keiko, trabalhando aqui em casa. Digamos que ela paga pelos filhos, junto com o marido.
Por conta de tudo isso, quem é empregada ou secretária, por exemplo, para alguém rico pode viver em paz e bem. Eles tem uma casa, filhos livres da escravidão sexual e um emprego. Quer coisa melhor que isso?
Essa é a diferença entre Kazuko e Mio. Ambas são de classe inferior, mas o fato de servir aos ricos dá direito ou não a liberdade.

Admito, senti inveja dela. Quem me dera poder ficar tranquila e aproveitar a adolescência. E fico feliz também. Não quero ninguém no meu lugar!
Mio não parava de me perguntar. “Como se sentia lá no centro de escravos?”, “Como se sentiu quando foi comprada?”. E pela minha localização, uma pergunta constrangedora.
–E você faz mesmo aquilo com o Makoto?
–Sim! - tive que ser sincera - Todo dia praticamente.
–E não dói? Você gosta?
Adolescentes! Tudo bem que eu ainda sou uma, mas nessa idade temos uma curiosidade tamanha.
–Eu já me acostumei. - parei um momento e pensei bem – Não sei que gosto...
Nesse momento, Makoto se movimentou e olhou para nós duas. Senti um nervoso subir na espinha. E agora? Dependendo da minha resposta poderia me acontecer algo ruim. Sempre deve-se ficar com o pé atrás.”
Eu fiz isso apenas para ver como ela reagiria. Como eu sou malvado! (risos)
Olhei pela janela e o Sol começara a aparecer. Breve, alguém acordaria. Imaginem o tempo que estou de pé, sendo que li o equivalente a duas semanas. Que insônia me deu!

Mio pediu para completar a resposta.
–Bem, é porque eu faço por obrigação.
A conversa correu com muitas outras perguntas vindas dela. Não reclamo porque esse não é o cotidiano dela, ela não é acostumada com isso.
Keiko arrumou a mesa e nos chamou para comer. O jantar era lasanha, que por sinal estava uma delícia.
–Poxa, Keiko. Por que nunca mais fez isso para mim? - disse Makoto
Comemos em clima agradável e muito divertido.”
Eu tinha esquecido essa lasanha maravilhosa da Keiko. Vou pedir para ela fazer essa semana.

Ao acabarmos de comer, Keiko recolheu a mesa com ajuda de Mio. Seu eu perguntasse de novo, ela diria quase a mesma coisa que antes.
Makoto iria trabalhar e tinha um julgamento no dia seguinte. Então, ele dormiria cedo. Tipo, cedo para ele é 11:30h.
Despedimo-nos logo e retornamos a casa de Makoto. Durante a viagem foi um silêncio mortal. Acho que ele estava com raiva de mim.”

Eu fiquei meio irritado pelos comentários de Kazuko para Mio. Principalmente pelo “por obrigação”. Era mais imaturo e não tinha o pensamento de hoje. Achei que ela estava reclamando de barriga cheia. Afinal, tratava ela tão mal assim? Eu era tão desagradável?
Um turbilhão de coisas surgiram na minha cabeça enquanto dirigia. Eu fiquei com raiva sim e estava errado quanto a isso.

Entramos e Makoto foi direto ao seu quarto. Eu sei que ele ia querer, como sempre, então falei:
–Vou tomar um banho e depois vou para o quarto, Makoto.
Respondeu-me friamente.
–Durma no seu quarto hoje.
Ele estava de costas, virei-o para vê-lo.
–Por quê?
–Você faz por obrigação. - a frieza se manteve com um pouco de raiva
Eu não aguentei. Passei minha mão por trás dele, abri a porta e o empurrei. Makoto caiu. Falei com toda a força que havia em mim.
–Sabe qual é a obrigação que tenho para com você? Te satisfazer! Comprou-me para isso, não foi?!
Makoto me olhou, completamente assustado. E gaguejou sua resposta:
–Fo... Fo... Foi.
–Vai para a cama agora então!”

Não tem como não ficar assustado. Aquilo foi tão de repente que me surpreendeu também. Nunca imaginei que ela faria aquilo.
Kazuko é bem tímida, porém quando precisa, sabe pôr as garras de fora.

Makoto foi caminhando e tirando as roupas. Se largou na cama. Bati a porta atrás de mim e fui em direção a ele. O que eu fiz? Ora, apliquei o que tem naquele livro, se é que me entende.
Makoto não se mexeu, apenas ficou deitado e eu realizei o trabalho sujo. Ele se mostrou bem cansado e satisfeito no final. Eu também fiquei cansada, tanto, mas tanto, que eu cai em cima do corpo dele e respirei forte.
Não evitou de comentar:
–Cansou foi? É culpa sua!
E riu. Filho da puta!
Nem respondi. Fiquei com a cabeça na curva do pescoço dele, cheirando seu cangote. Makoto mexia em meus cabelos enquanto recuperava o fôlego.
Uns minutos depois, levantei-me, pulei para o outro lado da cama e, friamente, falei.
–Boa noite, Makoto.
–Boa noite, Kazuko.
Virei-me e fiquei pensando no que acabara de fazer até pegar no sono.
No dia seguinte, Makoto me acordou e pediu para eu colocar minhas roupas. Fiz isso e esperei ele se arrumar sentado na cama.
Estava com uma coisa engasgada que resolvi soltar:
–Makoto, me desculpe por ontem. Eu te empurrei e fui mal-educada com você.
Ele se aproximou e falou, ajoelhando-se à minha frente:
–Não tem problema. Eu também fiquei com raiva ontem e te tratei mal.
Eu sorri.
Depois fomos tomar café. E agora eu estou aqui.
Vou tomar um banho e ajudar Keiko.
Até logo!”

Da mesma forma que o sono se fora, ele voltara. Retornei ao quarto e acabei dormindo. Kazuko que me acordou, com aquele enorme sorriso dela.
A família toda comeu junta, naquele clima que só nós ficamos. Após o almoço, meu pai e minhas madrastas foram embora. Eu e minha esposa aproveitamos para brincar um pouco. No segundo sentido da palavra.
E aconteceu uma coisa engraçada.
Eu e Kazuko estávamos no quarto. Beijo aqui, amasso dali. Fui mexer um pouco nos seios dela, até aí, nada estranho. Só que eu apertei e veio um jato de leite certeiro no meu olho. Minha mulher só percebeu quando emiti o som de dor.
–Makoto, o que houve? - então ela viu – Ai, caramba.
–Tá ardendo... - e xinguei um palavrão
Imediatamente ela me acudiu e pegou lenços para limpar meus olhos. Não demorou muito e eu fui capaz de abrir os olhos de novo. Ela me olhou, meio preocupada. Quando viu que eu estava bem, se acalmou.
Não segurei e comecei a gargalhar, me lembrando do que acabara de acontecer. Kazuko riu junto comigo.

Capítulo 10 - Família de Makoto

Passaram duas semanas de muito trabalho e muita leitura do diário de minha esposa.
Kazuko disse que me “atacou” da última vez por conselho da Rin. Incrível como é sempre ela! (risos)
Mais uma manhã de sábado e meu filho, Takumi, completa quatro meses hoje. Talvez tenhamos visitas hoje. Porém, enquanto elas não chegam, ler um trecho não faz mal a ninguém. Espreguicei-me e mexi no cabelo da minha mulher, adormecida. O diário estava na mesa de cabeceira. Ajeitei-me, peguei e puxei o marca página para continuar de onde parei.

Querido diário,
Eu e Makoto passamos boa parte deste fim de semana fora.
Na noite de sexta, Keiko não fez jantar e foi embora mais cedo. Makoto chegou do trabalho e pediu para eu separar uma pequena muda de roupas. Atendi o seu pedido morrendo de curiosidade. Colocou tudo em uma mala de mão. Descemos e fomos ao carro. No caminho, não aguentei de não perguntar:
–Makoto, aonde nós vamos?
–A casa de meu pai. Eu passo o final de semana lá de vez em quando.
Pai do Makoto? Já ouvira falar algumas vezes dele. Que tem três escravas e fazia de tudo com elas. Ele já trabalhou muito, mas agora decidiu aproveitar o resto da vida.”
Meu pai só trabalhava muito por minha causa. Ao momento que sai de sua casa, ele se aposentou e quis constituir família com suas escravas.
Pois é, acabou se apaixonando por elas e vice-versa.
Não demorou muito para chegarmos, só saímos da área dos prédios e estávamos na de casas. Desembarquei do carro do carro e vi um belo casarão. Fiquei boquiaberta.
Eu e Makoto batemos a porta. Uma moça grávida e bem bonita, atendeu sorrindo. Ela era ruiva, com olhos azuis. Makoto cumprimentou-a com um abraço.
–Minori, que bom te ver! - pousou a mão sobre a barriga dela - E meu irmão, como está?
–Ele está ótimo! - disse colocando sua mão acima da dele – Logo conheceremos.
–Ah, tem alguém que quero apresentar.
Nesse momento, Makoto me mostrou a Minori, que com outro sorriso no rosto, apertou a minha mão. Não controlei a vontade de pôr a mão na barriga dela. Senti o neném dela chutar.
–Nossa, que chute forte! - disse ela rindo
Então, ouvi outra voz feminina vinda da sala.
–Vai lá ver quem chegou.
Apareceu uma criança de uns três anos. Ele veio correndo. Makoto se abaixou e recebeu o abraço sincero dele. Aproximei-me e Makoto falou com ele:
–Essa é a Kazuko!
Sorri e fiz um carinho nos cabelos dele.
–Se apresenta para ela. - colocou o menino no chão – Aperta a mão – assim ele fez – e diz seu nome.
–”Kisuki” - foi o que escutei em meio a um dedo na boca.
–Kyosuke. - repetiu Makoto, a fim de que entendesse
–Ora, muito prazer, Kyosuke. O Makoto já me apresentou, mas eu sou Kazuko.
Levantei e o garoto foi correndo de volta aos braços da mãe. Ela mesma se identificou.
–Eu sou Minami. É um prazer!
O pai de Makoto e a terceira escrava estavam na sala. Conheci Shiori, da mesma idade que eu. Alias, era aniversário de 18 anos dela. Também o pai de Makoto, Koishiro. Ele se levantou, educadamente. Ao cumprimentá-lo, me observou perplexo, como se lembrasse de alguém. Foi o que o próprio me revelou. E conheci a mãe de Keiko: Aiko.
Comemos e conversamos e rimos. Não demorou muito e Shiori assoprou suas velinhas. Eu me prestei para ajudar Aiko. Contei-lhe sobre o que fazia com sua filha, ela ficou feliz de saber.
Perguntei a ela se sabia o motivo de Koishiro ter ficado daquele jeito ao me conhecer. Foi bem direta e sincera:
–Você é parecida com Misaki, falecida mãe de Makoto.
Quem tomou um choque fui eu. “Será que foi por isso que ele me escolheu?”, pensei.”

Admito que Kazuko se parecer com minha mãe foi um dos motivos dela ter sido “A escolhida”.
Minha esposa fez um barulho e se esticou. Abriu os olhos e falou:
–Bom dia, amor! Já lendo meu diário?
Dei um beijo nela.
–Ora, sabe que não gosto de te acordar. Quer tomar café?
–Termine primeiro. Vou cuidar do nosso pimpolho.
Pimpolho? Tudo bem né! Abri o diário e continuei...

Em seguida, fui ao quarto em que ficaríamos. O antigo de Makoto.
Imediatamente, fui tomar banho, já que era uma suíte. Sai e ele me aguardava. Joguei-me na cama.
–Você começa.
Fiz uma careta de “Está louco? Na casa do seu pai?”
–É só não fazer barulho.
–Isso para mim é fácil. - disse em tom irônico
–Eu consigo tranquilamente. - falou rindo- Vai logo.
Ei obedeci! Fiz um pouco com a boca e Makoto naquele silêncio dele. Puxou-me pelos cabelos pedindo que parasse. Montei nele e comecei a me movimentar. Como ele não fez com os dedos dessa vez, doía mais que o habitual. Então, gemi demais, pelo prazer e pela dor. Tentava me conter, mas não conseguia.
Logo ele gozou e eu me deitei do outro lado da cama, com minhas intimidades ardidas. Desejamo-nos boa noite e adormeci.
No dia seguinte, todos tomavam café em um clima agradável. Eu estava sentada ao lado de Shiori na mesa, que comentou:
–Eu ouvi você e o Makoto ontem a noite. Ou melhor, só você.
Senti vontade de me esconder debaixo da primeira coisa que visse de tanta vergonha. A garota riu, achando engraçado como fiquei.
–Não precisa ficar assim. Acho que quer dizer que o Makoto é bom.
–Ou que eu estava dolorida...
Ela fez uma careta de curiosidade e eu contei o motivo.
Depois, Makoto e Koishiro foram ao lado de fora para conversar um pouco. As mulheres ficaram na sala e eu brincando com Kyosuke. Em certo momento, aproximei-me para olhar algumas fotos em uma prateleira. Havia uma com a mãe de Makoto. Observei bem e eu era realmente parecida com ela. Minami, a loira de olhos verdes, veio conversar comigo:
–O que tanto olha nessas fotos?
–Disseram que me assemelho a mãe do Makoto. - disse apontando-a na imagem
–É verdade! Koishiro comentou comigo ontem. - sorriu - Sente-se para batermos um papo.
Então, eu fui.”

O que eu conversei com meu pai? Bem, ele mais falou comigo do que eu com ele.
Comentou o que achou da Kazuko, que ela era bonita e também “um pouco velha”. E também sobre os barulhos que ouviu e se declarou feliz por mim. Ele gosta quando seguimos seus conselhos!

Shiori, de cabelos castanhos e olhos cor-de-mel, começou:
–Parece que o Makoto gosta de ti. Vejo isso na forma que ele age com você.
Eu sorri. Minori falou:
–E não me parece que seja triste ou solitária.
–Não fico trancada no quarto, sou livre dentro de casa.
–Quem dera nosso marido fosse assim. - soltou Minami – Pelo menos no começo.
–O que ele fazia com vocês?
–Prendia-nos no quarto o dia todo. A noite, as três iam ao quarto com ele, ao mesmo tempo.
–E por que estão dessa forma hoje?
–Apaixonamo-nos e viramos uma família.
–E todas as crianças foram programadas. - contou Minami com um sorriso no rosto
–O próximo será o meu! - gritou Shiori
–Espero ter uma família como vocês um dia.
–Com certeza terá. Não duvide disso!
Makoto e seu pai retornaram a companhia do resto de nós.
Após o almoço, ficamos jogando vídeo game. Era uma briga para ver quem iria jogar. Eu apenas fiquei olhando e rindo muito. Mais tarde, eu e Makoto fizemos de novo. Voltamos para casa na tarde de hoje. Não tem muito tempo que chegamos.
Gostei muito de conhecer Minami, Minori e Shiori. E Koishiro também, apesar de não ter me familiarizado muito com ele.
Agora eu preciso tomar um banho. Tchau!”

Fechei o diário e coloquei-o onde estava antes. Cheguei perto de Kazuko e falei:
–Vamos comer?
–Sim.
Pus a mesa rapidamente e nos sentamos. Riamos e conversávamos, como sempre. E como era final de semana, em seguida, sentei-me na sala. Estava com Takumi no colo, Kazuko foi cuidar da louça.
Alguém bateu a porta. Eu atendi. Era a minha família, a que eu havia lido sobre no diário de minha esposa. Eles entraram e se arrumaram no recinto. Nem me importava por trajar roupas de dormir. Kazuko falou com todos e ficamos todos na sala.
Meu pai trouxe o console e as brigas habituais aconteceram. É um empurra-empurra na frente da TV. Tudo é comandado por movimentos ou voz. Só que com a confusão, a tela fica maluquinha.
Jogamos até a hora do almoço. E nessa hora, a da comida, Shiori pediu a palavra:
–Tenho uma coisa para contar a vocês: Eu estou grávida.
–Sério? - disse Kazuko – Parabéns!
Minami e Minori abriram enormes sorrisos. Meu pai parecia saber, ele não demonstrou tanta empolgação.
Mais tarde, eu brinquei com meus irmãos Kyosuke e Akira.
E a noite? Eles dormiram aqui em casa. Eu e Kazuko tivemos todo o cuidado de não fazer barulho.
Não é legal quando te escutam nesse tipo de situação! (risos)

Capítulo 9 - Iniciativa

A semana passou corrida, li todas as anotações no trabalho, uma por dia, na hora do almoço. Todo o escrito era sobre as mesmas coisas: leituras, conversas e ajuda a Keiko, conversas comigo. Só frisando que ela achou um livro sobre sexo, que falava algumas coisas que podia fazer. Ela decidiu usá-lo! E... Me lembro bem disso! (risos)
Depois de uma longa sexta-feira, jantei e fui relaxar na cama, antes de dormir, aproveitando também para ler mais um pouco do diário. Kazuko colocou Takumi para dormir, deixou-o no berço e foi tomar um banho.
Abri o diário e comecei a ler...

“Bom dia, diário!
Eu estou me sentindo bem hoje! Noite passada eu fiz uma coisa que escravas fazem: satisfazer o meu dono. E você sabe como: aplicando o que vi naquele livro.
Primeiramente, por partes, em ordem cronológica...
Acordei com meu fluxo menstrual quase parando. Vesti meu roupão e sai para tomar café. Eu e Makoto ficamos conversando enquanto comíamos. Ele saiu para o trabalho depois. Ajudei um pouco a Keiko e fui a biblioteca para ler mais uma pouco daquele livro (além de terminar A filha do conselho). Só queria entender por que o Makoto teria um livro desses. Será que ele usava com alguém?”

Kazuko e sua imaginação fértil!
Foi meu pai depravado quem me deu no meu aniversário de 16 anos. Segundo ele, eu já tinha que aprender essas coisas e deixou suas três escravas a minha disposição, mas não era o que eu queria fazer. Tinha muita consideração por elas. Acabei perdendo a minha virgindade com uma colega de faculdade.
Pois é, eu me adiantei nos estudos para sair o mais breve possível da casa de meu pai. Entrei na faculdade com 16 anos, me formei com vinte, tirei meu registro de advogado e comecei a trabalhar em um escritório.
Tão jovem, com muito dinheiro, muita responsabilidade e sem nenhum amor. Eu só tive uma namorada na faculdade.
Com o passar do meu trabalho, meu tempo diminuía e não tinha como eu sair com alguém, deixei isso para lá. Meu pai insistiu que arrumasse uma escrava apenas para controlar “meu fogo de homem”. Assim o fiz!

“Eu acho tudo o que tem nesse livro muito interessante e útil. Digamos que é mais completo que o kama sutra. Pontuei tudo o que poderia fazer em minha mente. Esperava que meu dono gostasse.
Passei o resto do dia junto a Keiko e nos divertindo bastante. Ela quer que eu conheça a família dela, quem sabe jantar lá?
Após o lanche fui assistir TV, fazendo hora para Makoto chegar. Estava ansiosa para saber a reação dele ao dizer que minhas regras acabaram.
Distraída, um estrondo da porta batendo com a força do vento me assustou. Dei um pulo e olhei para o lado, Makoto chegara. Sua aparência mostrava cansaço. Ele me cumprimentou e foi falar com Keiko: (Eu podia ouvir.)
–Boa noite, Keiko.
–Boa noite, Makoto.
–O jantar demora a sair?
–Um pouco. Por quê? Está com fome?
–Com fome e muito cansado. Mas... Eu posso esperar.
Makoto saiu da cozinha e foi se arrastando até a sala e se jogou no sofá.
–Muito trabalho, Makoto?
–Sim. Fiquei em um julgamento a tarde toda e o juiz deu outro recesso.
–Defender os outros cansa né?
–Até demais! - Ele me disse sorrindo
Eu fiquei envergonhada de falar sobre o meu ciclo para ele, tinha uma careta que iria me ignorar. Só que Makoto percebeu:
–Você quer falar alguma coisa.
–Eu? Nada disso.
–Não minta. Quando você quer falar algo, fica assim inquieta.
–Tudo bem. - Falei com desdém – É que meu sangramento parou, só isso.
–Ah... Entendo. Mas hoje estou indisposto. Quem sabe amanhã.
Concordei e não falamos mais nada até o jantar. Keiko comeu sentada à mesa conosco.
Auxiliei-a arrumando tudo e ela foi para casa, afinal, era sexta. Antes de sair, ela me perguntou:
–Vai dormir com Makoto hoje?
–Não!
–Tem dias em que ele volta cansado assim mesmo, melhor acostumar! Mas, sabe, eu a vi lendo umas coisas essa semana. Por que não faz uma surpresa a ele?
Ela deu uma piscada para mim e saiu. Ainda bem que, por estar em seu quarto, Makoto não ouviu essa conversa.”
Então, foi por causa da Keiko?! Que filha da puta!
“Rapidamente eu pensei no que Keiko disse e vi que ela tinha razão.
Resolvi ir ao meu quarto, tomar um banho, me arrumar e ir ao quarto de dele. E ficaria lá mesmo que tentasse me tirar a pontapés.
Saí do meu quarto e me dirigi à porta a minha frente. Respirei fundo para tomar coragem, coloquei a mão na maçaneta e...”

Um som me fez desviar os olhos do diário, era Kazuko. Só que ela estava com um olhar diferente e também vestida diferente. Ela tem usado camisolas compridas, hoje está de roupão de seda e roupa íntima. Sem contar o olhar sedutor e provocante!
Eu não resisti! Deixei o diário de lado e fui em sua direção. Não disse uma palavra, só a beijei. Não a beijava assim tem um bom tempo.
O instinto nos levou a cama! Eu não conseguia distanciar meus lábios dos dela. Em seguida, foi a vez das minhas mãos. Elas começaram a tocar e apertar o corpo de minha esposa, do qual sentia saudade. Kazuko respondia as minhas carícias. Só que, houve um momento em que ela me parou.
–Makoto, você sequer me olhou. Como acha que eu estou? - perguntou tímida
–Está como? - disse, fazendo careta
–Meu corpo, Makoto!
No momento em que a olhei parada na porta, eu vi que seu corpo estava igual antes. E não foi só isso, eu vi a pessoa que eu amo, a mãe do meu filho.
–Kazuko, você está maravilhosa! Você é assim de qualquer jeito.
Ela sorriu e meu deu o seu beijo apaixonado. Isso me indicou que ela esqueceu o problema com seu corpo, deixou ele para lá.
Acariciei o seu corpo e toquei em lugares que ela não permitiria cinco minutos atrás.
O instinto era o que nos guiava e ao mesmo tempo nos conectava. Minha esposa estava entregue a mim e eu a ela. E acabou acontecendo... Nós fizemos amor! (Por pouco Takumi não acorda.)
Ficamos deitados, nus embaixo da coberta e conversávamos:
–Estava com saudade disso, Makoto.
–Eu sei. Eu também.
Abracei-a. Kazuko olhou o diário em cima do criado-mudo e falou:
–O que lia no diário?
–O dia que você me “atacou” pela primeira vez.
–Sério? Você lembra?!
–Lembro! Mas é que... - peguei o caderno -Você me interrompeu daquele jeito lá na porta.
–Ah, amor, desculpa.
–Não precisa disso. Foi a melhor interrupção da minha vida.
Não conseguimos conter o riso.
–Agora, você permite que eu termine de ler?
–Claro, Sr. Makoto. - respondeu sorrindo.
Procurei a linha na qual parei e continuei...

“... e abri a porta.
Makoto sabia que era eu e reclamou meio sonolento. Se sentou na cama, acendeu o abajur e disse, me olhando:
–O que foi Kazuko? Vá dormir, por favor!
Eu nada disse. Aproximei-me da cama e ele me observava perplexo.
–Que vai fazer?
–Satisfazer você!
Makoto franziu a testa e depois levantou uma sobrancelha. Aquela careta dizia “Como?”.
Puxei as cobertas! Sem pestanejar, ele tirou as calças e a cueca em seguida. Deitou-se com mãos sob a cabeça.”

Eu achei aquela atitude repentina dela muito estranha. Acho que isso explica minha careta e reações!

“E eu? O que fiz? Bem... É como dizem: Cai de boca! Ignorei aquele gosto e tentei fazer algumas coisas que são ditas naquele livro, por exemplo: Passar a língua em volta, mordiscadas. E o mais difícil: a sucção. Tem que fechar a boca de um jeito e fazer rápido. Porém, valeu a tentativa.
O pênis dele mexia muito conforme os movimentos realizados. Makoto estava mudo. Que angústia! Por que os homem não gemem como as mulheres? Isso ajuda a ter uma pista se está bom ou não.
Em certos momentos, eu errava a profundidade e quase me engasgava. Estava dando o meu melhor e Makoto me chamou:
–Quero que suba em mim.
Obedeci o comando. Ele fez um pouco com os dedos e fomos ao que interessava. Fiz o sobe-desce habitual, só que eu li que poderia rebolar um pouco nessa hora, fiz também. Durante tudo isso, ele disse por entre seus fortes suspiros:
–O que aconteceu com você hoje? Não costuma fazer essas coisas!
Ficamos mais um tempo daquele jeito. Até que ele finalmente gozou. Senti o líquido quente em meu corpo e ambos soltamos um suspiro de relaxamento. Sai de cima de Makoto e deitei ao seu lado, ele perguntou:
–Por que fez isso tudo? Onde aprendeu?
–Porque eu quis! E não aprendi isso em lugar nenhum. - respondi tentando desviar do assunto.
–Não minta para mim. Você achou aquele livro de capa azul na biblioteca.
Escondi minha cabeça em baixo da coberta e Makoto riu.
–Não precisa ficar com vergonha. Alias... Você pode fazer isso mais vezes. - Descobri a cabeça e ele continuou. - Apesar de ter certeza que vou acordar moído amanhã, eu gostei da surpresa.
–Makoto, já que está cansado, vou dormir no meu quarto. Boa noite!
–Nada disso! - repreendeu-me – Esqueceu da regra?
–Quando fizermos, dormirá no meu quarto.
–Então, fique aqui, Kazuko.
Ajeitei-me, desejei-lhe boa noite e dormi.
Tomamos café juntos agora de manhã, e eu disse que viria para cá me banhar e trocar de roupa.
Estou indo. Até!”

Fechei o diário e Kazuko sorriu, dizendo:
–Estou feliz agora como naquele dia.

Capítulo 8 - Menstruada

No dia seguinte, pouco após comer, fui ler mais um pedaço do diário de Kazuko. Ela tinha ido cuidar de Takumi.

“Diário,
é de manhã agora. Ainda está amanhecendo, estou sem sono.
Mas por quê dormi no meu quarto? É que fiquei “naqueles dias” ontem.
Bem, vamos por partes...
Passei meu dia ajudando Keiko. Makoto voltou mais cedo, pois era o dia do meu retorno à Rin. Descemos e saímos de carro a caminho do consultório. Chegamos, fizemos a nossa entrada e aguardamos. Alguns minutos depois, a médica nos chamou.
Ela nos cumprimentou com um enorme sorriso no rosto.
–Como está, Sr. Makoto?
–Estou bem, obrigado.
–Ora, que bom! E você, Srta. Hirasawa?
–Eu estou bem também. - falei sorrindo
–Só um momento que vou pegar o seu remédio.
Rin abriu o armário que ficava atrás de sua mesa, vasculhou um pouco e pegou três potes. Ela se virou e disse:
–Estas são as suas pílulas anticoncepcionais. São feitas apenas para você, já que cada mulher é de uma forma.
–Como devo tomar?
–Simples. Tomar uma por dia, aqui está escrito. - falou apontando – A começar do 1° dia do seu ciclo.
–Entendi!
–E preciso te avisar sobre alguns efeitos colaterais, que talvez você tenha: aumento de peso; dor de cabeça; alteração de humor; enjoos e vômitos; seios doloridos; e alterações na sua lubrificação.
–Mas, isso são sintomas parecidos com os de uma gravidez. - falou Makoto – Eu fiz com ela sem proteção e...
Makoto hesitou. Eu completei, então, o pensamento dele.
–Eu estiver grávida?
–Aí será outra coisa e o Sr. Makoto decidirá o que fazer. Se o seu sangue descer, Kazuko, não há com o que se preocupar.
–Hum... Entendi. Obrigado, Sra. Saho. - Makoto respondeu.
–Ora, de nada. Agora podem ir.
Estávamos de saída e ela chamou:
–Senhorita Hirasawa, assim que fica menstruada. Não esqueça!
Assenti e sorri para ela.
No caminho de volta, comecei a sentir cólica. Não era estranho, já estava chegando o dia dela vir. Acabei fazendo careta. Makoto, preocupado, perguntou:
–O que houve?
–Estou sentindo cólica. É que... - parei ao vir uma pontada – está perto.
–Entendo. Alias, você precisa de... Como é o nome? Ah, absorvente.
–Não preciso imediatamente. Mas é melhor comprar.
–Tem uma loja que vende essas coisas no caminho. A gente vai lá!
–Tudo bem!
Passamos por algumas ruas e chegamos a uma loja de conveniência. Saímos e procurei o que queria. Fui com ele até o caixa, pagamos e voltamos ao carro para ir pra casa. Agradeci Makoto ao chegarmos. Ele disse que não era nada além do seu dever.
Eu só queria entender porque ele me trata assim tão bem e atenciosamente. Sei que é por causa do que viu na infância, só que... Parece que tem algo mais. Makoto não é só simpático comigo, me trata como uma amiga.”

Eu me lembro desse dia! Kazuko fez uma carinha de dor e desespero. Acho que ela ficou com medo da menstruação dela vir ali e sujar o carro. Se ela estava assim só com o medo do sangue. Imagine com ele?
Pelo que sei, meu pai nunca comprou esse tipo de coisa para suas três escravas. E nem sei como elas faziam nesses dias. Talvez as empregadas ajudassem.
Deve ser uma coisa nojenta ficar menstruada e não ter “com o que cobrir”.
Olha o assunto que eu estou falando. Caramba! (risos)

“Fui tomar um banho e durante ele senti outra pontada no meu baixo ventre. Então, eu vi sangue na pequena poça abaixo de mim. Passei o dedo, só para confirmar, que voltou coberto. Terminei de me banhar e me arrumei para o jantar. Como ele ainda não estava pronto, peguei o livro e fui ler no sofá da sala.
A cólica tinha parado, porém ela voltou de repente. Eu tinha me esquecido de tomar o remédio. (Pois é, a leitura me distraiu.) Imediatamente pedi a Keiko um copo de água. Assim que ela trouxe, peguei um dos potes que estavam no móvel da sala. Tirei uma pílula, joguei-a na minha boca e tomei a água. Devolvi o copo a Keiko e retornei à sala.
Makoto estava deitado no outro sofá e viu minha movimentação. Perguntou:
–O que foi fazer?
–Tomar meu remédio.
–Suas regras vieram então?
–Sim. Alias... Precisamos conversar acerca disso.
Ele se levantou para me dar atenção.
–Claro! Diga...
–É que... - falei meio encabulada – Bom, vai querer fazer comigo assim?
–Você se sentira desconfortável? Bem, eu fico.
Assenti timidamente e Makoto continuou:
–Isso é uma coisa pessoal sua, eu entendo. E... Falando sério... Esse sangue todo não é uma coisa agradável.
Eu não contive o riso e nem ele.
Concordamos que, durante meu período não faríamos. Makoto pediu-me para sempre avisá-lo ao início e ao término, apenas para sua ciência.
–Outra coisa: Durmo no meu quarto?
–Sim, Kazuko.”

Falei para ela dormir em seu quarto durante esse período para poder ter um pouco de privacidade e mais momentos sozinha. E também já é complicado aguentar mulher normalmente, imagine naqueles dias. (risos)

“O jantar não demorou a sair. Comemos, com Keiko a mesa conosco, em um clima agradável, rindo bastante.
Depois de comer, Keiko arrumou tudo e foi para casa. Makoto desejou-me boa noite e foi para o seu quarto. Bebi um copo de leite e dirigi-me ao meu quarto. Arrumei meus cobertores para a primeira noite em que dormiria sozinha. Eu nunca dormi tão bem desde que vim para cá. Aproveitei todo o espaço de minha imensa cama.
Sonhei com a minha infância, quando eu brincava com minhas bonecas e imaginava como seria meu futuro. Nunca supus que me tornaria escrava.
Acho que descansei tão bem, por isso já levantei. Ganhei um amanhecer de presente!”.

Parece que a Kazuko me odiava nessa época. Sinto isso nas palavras dela. E foi ela quem me olhou quando adentrou no quarto. Colocou Takumi no berço e veio me dar um beijo.
Deixei o diário de lado e dei atenção a minha esposa.

Capítulo 7 - Final de semana

O resto da semana foi muito agitado. Tinha muitos casos para resolver e alguns julgamentos para ir. Com tudo isso, finalmente o final de semana chegou. E é tão bom poder ficar em casa com minha esposa e filho. Ficamos sempre nós três, já que Keiko tira sua folga.
Estávamos eu, Kazuko e Takumi na sala. Eu apenas com calça de meu pijama e minha esposa de camisola. Sentados no sofá assistindo a um programa e o telefone tocou, o identificador mostrou que era Rin. Kazuko correu para atender e me deixou tomando conta de Takumi. Essas duas conversam muito ao telefone e não era eu quem estava interessado no programa.
O diário de Kazuko se situava a minha frente, na mesa de centro. Não terei o que fazer por uns vinte minutos (e havia dias que eu não o lia), resolvi abrir o caderno na anotação seguinte:

“Diário querido,
perdoe-me ter ficado dois dias sem escrever. Makoto me perseguiu durante o final de semana. Nem parei no meu quarto nesse tempo.
Depois que terminei de escrever, na sexta, completando uma semana como escrava, fomos jantar. Como sempre, a comida da Keiko estava uma delícia. Assim que terminamos, ela saiu para a sua folga. Eu e Makoto ficamos sozinhos. Ele me levou até o quarto e fizemos como todas as outras noites. Após isso, eu adormeci.
Acordei com os primeiros raios de sol que chegaram aos meus olhos e também um ótimo cheiro de café. Abri meus olhos e vi a mesa do café posta, na mesma em que Makoto organiza as coisas do trabalho. Levantei e me espreguicei. Makoto sorriu e me deu bom dia. Vesti meu roupão de seda e sentei-me com ele. Então, curiosa, perguntei:
–Foi você que fez?
–Sim. Admito que não sou bom cozinheiro, mas fazer um café da manhã não é difícil.
Eu dei uma risada.
–Quer que eu faça o almoço?
–Depende. Que comida será?
–Você escolhe.
–Tem tanto tempo que não como macarrão com molho. Sabe fazer?
–Sei sim. Atenderei seu pedido, Makoto.
Tinha bastante coisa para comer. Pães, bolos, frios e sucos. Makoto fizera bem variado e gostoso. Só não digo que foi um clima romântico, porque não somos namorados. Somos mais amantes do que qualquer outra coisa. Comemos conversando. Pois é, fazemos muito isso.
Fui ao meu quarto para vestir uma roupa e depois a cozinha para preparar o almoço.
Macarrão não é uma coisa que se demora a fazer, terminei pouco antes de meio-dia. Avisei a Makoto que estava pronto. Ele respondeu que logo comeríamos. Fizemos isso pouco depois.
Makoto se encarregou de limpar tudo e eu fui para a sala. Ele foi em seguida.
Vimos um pouco em um silêncio e atenção mortal para a televisão. De repente, ele me abraçou e deu um chupão no meu pescoço. Isto era o indicador do que ele queria. Perguntei só para ter certeza:
–Quer ir para o quarto?
–Não! - disse rindo – Quero aqui.
O que eu podia fazer? Nada!
Ele me mandou começar com a boca, como em todas as outras vezes.
Por ter que realizar essa coisa desagradável, a frequência me fez ter uma noção melhor de como agir. E de alguma forma meu sexo oral melhorou, palavras do próprio Makoto.”
Infelizmente ou felizmente muitas coisas relacionadas ao sexo só se aprendem com o tempo e repetição. (Ainda bem que não tomei mais nenhuma mordida da Kazuko.)
Uma pena que também tem tanto tempo que ela não faz em mim, melhorou nisso até demais. Não faz desde que Takumi nasceu.
E também não fazemos amor a um bom tempo, desde que a barriga começou a incomodar.
Pois é, estou que nem na época em que comprei Kazuko: “Sem esse tipo de coisa havia um tempo”.
“Eu fiz por uns cinco minutos e ele me disse que estava satisfeito. Pediu para eu voltar ao sofá, pois eu ajoelhei na frente dele para usar a boca.
Pensei que era para deitar, mas Makoto me puxou e colocou-me em cima. Tirou minhas roupas e abriu o espaço que queria na minha vagina com os dedos. Eu gemi com a intromissão daquilo em mim. Depois, foi a vez do pênis dele. Aquela posição ali era diferente para mim, não tinha ideia do que fazer.
–Makoto, o que eu faço?
–Ora, igual no quarto. - respondeu sorrindo – Você está por cima, só eu que não estou deitado.
Conforme mandou, comecei o “sobe-desce” de sempre enquanto Makoto mexia nos meus seios. De básico era a mesma coisa, contudo só de ter meus seios sendo apertados e mexidos, ficou bem melhor para mim.”

Serei sincero, sempre tive a fantasia de transar no sofá. (risos) Por favor, não me achem estranho. Ao meu ver, parece uma fantasia normal.
Sabe, desde que tinha começado a minha vida sexual, sempre transei em quartos e nas camas. Com o passar do tempo era até monótono. Queria ver como era fazer em outros lugares. E foi com Kazuko que eu experimentei tais coisas.
Namorei e já fiquei com muitas, mas nenhuma delas queria sair do quarto. Só mesmo uma escrava para concretizar fantasias, das mais malucas que sejam.
E eu já sabia que ela gostava que brincasse com os seios dela.

“Os ombros de Makoto me ajudavam a fazer os movimentos, usava-os de apoio.
Isso estava diferente para nós dois, respirávamos forte e com dificuldade. Passados alguns minutos, comecei a sentir um calafrio subir minha espinha e algo quente me encheu por dentro, ao ouvir o suspiro de alívio de Makoto. Minha cabeça caiu para trás, quase o corpo todo, só não cai porque fui segurada. Sai de cima dele, que falou:
–Obrigado, Kazuko.
–Pelo que?
–Acabou de realizar uma fantasia minha.
–Bom saber! - respondi ironicamente
Coloquei minhas roupas e Makoto as dele. Continuamos assistindo a televisão.
A noite, pedimos comida por entrega e fizemos novamente.
No dia seguinte, foi exatamente a mesma coisa. Estou até um pouco dolorida. Afinal, não faço com ele mais que uma vez ao dia, normalmente.
Keiko voltou da folga essa manhã. Makoto foi para o trabalho depois do café.
Agora preciso ir, vou ajudar a Keiko na arrumação da casa. E mais tarde quem sabe, eu não leia um pouco?”

Fechei o caderno no mesmo instante que Kazuko desligou o telefone e voltou a sala.
–Está lendo, amor?
–Sim, mas já acabei.
Ela sentou-se ao meu lado e me deu um beijo, com uma vontade. Começou a rolar uns amassos e a minha mão já na caça. Apertei algumas partes de seu corpo de leve, até que cheguei no meio de suas pernas. Porém, a própria mão de minha esposa me fez recuar.
–Não, Makoto!
–Por que não?
–Você sabe que estou com vergonha do meu corpo. - respondeu deixando uma lágrima correr
–Não me importa. Eu amo você independente do seu corpo.
–Mas eu não quero que você veja. Não me sentiria bem com isso.
Resolvi não discutir e sai de cima dela. Kazuko percebeu que fiquei chateado e me perguntou:
–Quer que eu faça para você?
–Não precisa. Eu não quero isso. Eu quero você, querida. E se quer que eu espere, posso fazer isso.
Abraçamo-nos e ficamos a aproveitar e sentir o calor um do outro.

Capítulo 6 - A empregada

No dia seguinte, Kazuko me deixou levar o diário para o trabalho. Poderia lê-lo na hora do almoço. E foi isso que fiz!
Antes que perguntem, eu sou advogado. Então, imaginem a minha responsabilidade em um simples dia de trabalho.
Deixei todos partirem para o almoço e menti que tinha umas coisas para fazer para ler o diário. (Se bem que isso é fazer alguma coisa.) Eu não queria ser perturbado e muito menos interrogado sobre ele.
Ajeitei-me na minha mesa e abri na anotação do dia seguinte.

“Boa noite diário,
disse isso porque já anoiteceu, porém Makoto não chegou. A empregada já mandou eu me preparar para mais tarde. (Sim, isso é perturbador.)
E é sobre ela que falarei hoje!
Só que eu adoro seguir a ordem cronológica, então continuarei exatamente da última coisa que contei.
Depois daquela minha reflexão completamente realista e depressiva, fiquei chorando por um tempo, descarregando aquilo de mim. Decidi voltar a biblioteca e continuar o livro. Li uns dois capítulos e percebi alguém entrar, era a empregada. Parecia que era dia de limpar ali. Primeiro varreu todo o chão daquele lugar e juntou a sujeira num canto com a pá. Trouxe um espanador também. Pelo jeito iria limpar as estantes também.
Eu nunca falei muito com ela, só o necessário. Não a achava uma pessoa ruim, gosto do sorriso que ela carrega no rosto. Ela se dá tão bem com o Makoto. Pode ser que comigo também.
Levantei e peguei o espanador. Ela me olhou surpresa e perguntou:
–O que está fazendo, senhorita?
–Posso ajudar você?
–Claro! - respondeu sorrindo – Pode tirar a poeira das estantes.
Fui limpando e ela foi ao andar de cima para prosseguir varrendo.
Não demorou e logo acabamos. Ela me agradeceu a ajuda e disse que era hora do almoço. Dirigiu-se a cozinha e fui atrás dela.
–Ei, qual é o seu nome? - perguntei
Ela se virou.
–Teratani Keiko. Me chame só de Keiko. E você é Hirasawa...
–Kazuko. - completei – Hirasawa Kazuko.
–Um belo nome. Quem escolheu?
–Minha mãe!
Keiko deu uma risada divertida e falou:
–Parece que quer conversar e eu também. Vamos almoçar juntas, que tal?
–Ótima ideia!
Ajudei-a a pôr a mesa e sentamo-nos uma de frente para a outra. Keiko resolveu começar a conversa.
–Você é tão jovem e bonita. Uma pena que o Sr. Makoto esteja te usando a aquele tipo de coisa.
–Para esse tipo de coisa, eu sou velha. Eu sou jovem quanto ao resto.
–Sr. Makoto comprou a senhorita por muita insistência do pai dele. Ele nunca pensaria em fazer isso, passou a infância e adolescência sendo amigo das escravas do pai. Ele sempre consolava e escutava as meninas. Achava que seu pai as maltratava muito e formou em sua mente que nunca faria igual.”

Acho que agora vocês entenderam bem o motivo para eu ter demorado a procurar uma escrava.
E por que escolhi a Kazuko?
É que... As três escravas de meu pai (Sim, ele ainda as tem.) foram compradas ainda bem crianças e ele faz o que bem entende com elas. Nunca as levou ao médico. Quem leva sou seu, pela amizade que tenho com elas. Realizava suas fantasias mais esquisitas e fazia orgias com elas.
Na época, como elas tem idade próxima a minha, brincávamos durante o dia. Quando crescemos um pouco mais, passei a ser o confessionário delas. E por isso sabia tudo, com os mínimos detalhes, o que acontecia no quarto de meu pai.
As três são traumatizadas até hoje.
Ao ver Kazuko dançando, percebi que seu corpo era mais desenvolvido, concluí que era mais velha. Não escolhi uma mais nova para não traumatizar mais uma pobre menina. Ser comprada já é um trauma grande, vide o exemplo de minha esposa.
A insistência de meu pai foi muita. Eu não queria me assemelhar a ele em nada e assim o fiz.

“-Como sabe disso tudo? Como conheceu o Makoto?
–Eu sou a filha da empregada do pai dele. Eu o vi nascer e crescer. Conversamos muito até hoje. Vi tudo isso acontecer.
–E a mãe de Makoto? Não fazia nada?
–Ela morreu quando ele tinha dois anos.
–Sinto muito. - falei cabisbaixa
–Você não sabia, fique calma.
Sorri para ela, que perguntou:
–E você? Quero saber da sua história?
Contei para Keiko um básico sobre mim. Assim que acabei de falar, terminamos de comer.
–Gostei de conversar com você, Srt. Hirasawa.
–Pode me chamar de Kazuko.
–Kazuko! - disse sorrindo
Ajudei a tirar a mesa e também em mais algumas coisas da casa. Fizemos o lanche da tarde juntas e conversando novamente.
Ela me contou que fez questão de trabalhar na casa de Makoto quando ele passou a morar sozinho. Contou que tinha sua família e era muito feliz.
–Até tenho o final de semana de folga!
Disse também que Makoto era um ótimo patrão e pessoa.
A conversa estava tão boa que até vimos um filme juntas e a hora passou rápido. Olhamos a janela e já havia escurecido. Keiko deu um pulo e disse, meio nervosa:
–Caramba, tenho que fazer o jantar. Makoto logo chega. Deve se arrumar, Kazuko.
Ela foi até a cozinha se adiantar e eu vim para cá.
Com a conversa que tive com Keiko, passei a entender todo o modo que Makoto me trata. E agora fico até agradecida com isso.
Rin talvez tenha razão: Tirei um azar sortudo.
Agora, diário, tenho que ir.”

Então foi por isso que a Keiko atrasou o jantar daquela noite. Ela chegou a me contar que bateu um papinho com Kazuko.
Se bem que esse diminutivo não encaixa muito bem.
Minha esposa acabou sabendo mais sobre mim do que eu sabia dela naqueles tempos. Conversávamos pouco.
Uma algazarra me chamou atenção, o pessoal do escritório retornava do almoço. Fechei o caderno rapidamente e coloquei-o na minha bolsa.
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