segunda-feira, 2 de junho de 2014

Capítulo 4

No dia seguinte, me levantei depois de Mitsuki. Ele estava me vendo dormir.
–Bom dia, Sasaki!
–Bom dia, Mitsuki!
–Esqueci de perguntar duas coisas ontem.
–Pode perguntar.
–Sua idade? E... Você tinha virtude antes?
–Eu tenho 18. Não! E por que perguntou isso?
–Não reclamou de dor. Estranhei.
–Eu já fiz algumas vezes.
Ele se calou. Então, resmunguei:
–Vai me chama de impura. Pode falar!
–Não é isso! De como você vive já era de se esperar.
Ele me viu me vestindo e perguntou:
–Lutou comigo para vingar seu irmão?
–Foi! Admito.
–Você luta bem melhor do que ele. A luta que tive com seu irmão foi bem rápida.
–E sua idade? Quero saber.
–Eu tenho 20.
Vesti-me e fomos comer juntos. Enquanto estávamos saboreando a sopa, conversávamos:
–Uma mulher bonita como você... Samurai!
–As aparências enganam.
–Sem dúvida, é melhor que seu irmão.
–Sou a primogênita, tenho que manter a honra da família.
Ele riu. E depois continuei:
–Você é primogênito e único?
–Único homem. Meu pai casou de novo e teve duas meninas.
–Elas devem ser bonitas como você.
–Eu também tenho que manter a honra da família. E perpetuá-la.
–Como assim? Ter um filho?
–Isso. Mas, segundo meu pai, tem que ser com uma mulher forte.
–Em que sentido?
–Ora, eu não sei.
–Seu pai é igual ao meu: fala coisas sem sentido.
Após comermos, nos despedimos. E continuei o meu caminho. Continuava viajando e enfrentando outros samurais. Depois de ter ganho do melhor, me tornei a melhor samurai.
E ele não saía da minha cabeça, toda a noite pensava em nossa luta. E no que tivemos naquela noite. E ficava com aqueles olhos castanhos penetrantes em minha mente.
Acabei percebendo o que vovó me falara: “Um dia você irá encontrar um homem que vai te levar aos céus”.
E aquela noite com ele foi a melhor de toda a minha vida. Minha avó errou uma coisa: era noite e não dia.
Assim que acabei de completar 19, retornei a casa de minha família. E como sempre, fui muito bem recebida. Ganhei presentes da minha avó, do meu pai e do meu irmão Takeshi.
Fui tomar banho naquela termal que eu amava. Meu irmão apareceu em seguida e meio assustado perguntou:
–Posso entrar, irmã?
–Claro que pode. Você é meu irmão, não tem problema algum.
Ele se sentou a minha frente e disse:
–Dezenove... logo eu farei também!
–Você é que nem eu, adora seu aniversário.
Nós dois rimos. E meu irmão continuou:
–Está mais bonita do que da última vez que te vi.
–Obrigada, irmão! – respondi sorrindo – Alias, eu vinguei você!
–Que? – falou desacreditado
–Se olhar a cicatriz no olho direito dele, vai entender.
–Haha... Espera... Se você ganhou dele...
–Sim! Eu sou a melhor samurai!
–Parabéns, irmã!
–Alias, tem outra coisa...
–O que? – disse Takeshi, fazendo careta
–Eu dormi com ele!
–Perdeu sua virtude com ele?
–Não! (Quem derá!) Foi bem antes que eu perdi. Ele é bom com a Katana e com isso também.
Nós dois começamos a gargalhar. E meu irmão comentou:
–Com a Katana não sou tão bom. Mas com a outra situação...
E continuamos rindo. E perguntei a Takeshi:
–E como foi a perda?
–Em uma das poucas lutas que ganhei. Apostei uma noite com uma mulher.
–Safado em! E ela, gostou?
–Isto não sei. Não perguntei.
E resolvi contar a outra coisa que descobri.
–O Mitsuki quer ter um filho. E está a procura de uma mulher forte.
–Se for esta a condição, nossa irmã é forte candidata.
–Até eu também!
–Papai também já está me cobrando um filho.
–Eu que devia ter um filho primeiro, sou a mais velha.
–Mas, para você complica, irmã!
–Eu sei!
Minha mãe apareceu em seguida.
–Filho! Bastarda!
–Vou me retirar. – falei
Fui ao quarto me vestir. Estava me olhando no espelho e a mãe entrou e começou conversar comigo:
–Está mais bonita e sorridente, filha!
–Obrigada, mãe.
–Seu olhar também está diferente. Está apaixonada?
–Acho que sim. –respondi dando um sorriso bobo
–E quem é? Posso saber?
–É um samurai contra quem lutei. Filho de um rival do papai.
–Bonito?
–Belíssimo!
–Bom de cama?
–E como!
Minha avó riu. E sempre havia alguém entrando na conversa. Meu pai desta vez.
–Minha filha? Apaixonada?
–Acho que sim.
–Estou certíssima disso! – disse vovó
–Posso conversar lá fora com você, filha?
–Sim, vamos!
–Depois quero detalhes em moça.
–Pode deixar.
Era noite de lua cheia e o jardim estava lindo com a luz do luar. Papai foi direto comigo:
–Soube que lutou com Mitsuki e ganhou. Você agora é a melhor samurai.
Abraçou-me e continuou.
–Mas, deve manter seu posto.
–Eu sei, pai.
–Estou muito orgulhoso de você.
–Quer saber detalhes?
–Sim, senhorita.
Eu ia contar, mas era hora de comer. Sentamo-nos a mesa. E quando começamos a comer...
–Sasaki, conte-nos sua luta.
–Ah sim, irmã. Também quero saber.
Contei tudo detalhadamente a eles, que acompanhavam minha narração com muito entusiasmo. Minha mãe e irmã que estavam cheias de desdém. Depois de terminar, Sae falou:
–Você não fez uma cicatriz dele, mentirosa.
–É tudo mentira mesmo! – Concordou minha mãe.
Não falei nada. Fui sentar um pouco na varanda e fiquei olhando a noite. Mais uma vez, pensei nele. Minha avó apareceu.
–Faltou contar uma parte.
Eu sorri e lhe contei tudo. Depois, falou:
–Ele parece ser um bom rapaz.
–Deve ter me tratado bem só porque dormi com ele. E feri o rosto dele.
–Mas ele te perdoou. E te deu uma bela noite de amor.
–Isto é verdade, mãe!
–Viu, sabia! Você ama ele!
–Queria vê-lo de novo.
–Vão acabar se esbarrando por aí. Ele vai querer uma revanche.

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