sexta-feira, 24 de abril de 2015

Capítulo 5 - Rosa venenosa

Amélia subiu e encontrou com Sarah, na sala. Ela imediatamente indagou:
–Amiga, com quem você estava lá me baixo? Eu vi em.
–Foi um amigo que eu encontrei no restaurante.
–Hum... E a entrevista? Conseguiu?
–Sim! Farei a matéria amanhã.
–Sério? O Marc é conhecido por ser tão fechado e até antipático.
–Eu tenho minhas manhas. - e riu – Vou tomar um banho para dormir.
Amélia deixou a bolsa no sofá e foi para o seu banho. Sarah mexeu na bolsa da amiga e acabou ouvindo toda a entrevista. Percebeu também que os dois já se conheciam. Ela decidiu comentar com Amélia apenas no dia seguinte, durante o café da manhã. E foi exatamente o que fez.
–Amélia, eu ouvi a gravação ontem. Você já conhecia o Marc antes?
A garota fez uma careta e respondeu:
–Conheço-o sim. Ele o tal “menino do karatê” que eu tanto falo.
–O quê? Então era ele com você ontem?
–Era ele sim!
–Ihh... Tá podendo em!
–Podendo nada! Ele é muito luxo para a minha carruagem, cara.
–Deixa disso. Ele tava te cantando na cara de pau ontem.
Amélia rubrou.
–E eu sei que você se fez de desentendida. - ela deu uma pausa – Quero que me conte a história toda.
Sarah deu carona a amiga até o trabalho, pois ela iri cobrir o treino de vôlei. Ela ouviu atentamente Amélia e comentou quando ela falou sobre o beijo antes da luta:
–Mentira! Amélia, nunca pensei que faria isso.
–Foi mais forte do que eu.
–E ele deu a resposta para o beijo ontem?
–É!
–Puta que pariu, um tempo do caralho. Ele gosta mesmo de você.
Amélia riu e concordou com a amiga. Sarah deixou-a no trabalho e partiu.
A jovem chegou e teve uma surpresa: um buquê de rosas vermelhas.
Todo mundo estava curioso para saber quem mandou aquilo para uma das novas funcionárias. O buquê estava em sua mesa e tinha um cartão. Amélia se sentou e leu o bilhete:
“Gostei muito do nosso reencontro ontem. E eu ainda me lembro que sua cor preferida é vermelho. Só não sei se rosas são as suas preferidas.
Podemos nos ver de novo? Te ligo mais tarde para saber.
Ass: Aquele menino do karatê”
–Então, de quem é? - perguntou uma das “vizinhas” dela
–Uma pessoa que reencontrei.
Só esta resposta foi motivo para a jovem garota ser o assunto do dia.
Imediatamente, Carmela chamou-a para sua sala. Ela queria saber novidades da “missão” que deu a garota.
–Sim, Sra. Carmela?
–Então, conseguiu a entrevista?
–Sim!
–Ótimo! Quero ouvir a gravação.
–Mas eu vou precisar dela para fazer a matéria.
–Ah, é verdade;
Amélia realmente precisaria da gravação para reproduzi-la na matéria com exatidão. Contudo, ela também não queria que descobrissem o seu passado com Marc.
Saiu da sala de Carmela e foi escrever a matéria. Antes do almoço ficou pronta. Mandou uma cópia para a chefe, que aprovou. Ela recebera um outro afazer para depois de comer: Fazer a página em que a entrevista apareceria.
Amélia desceu para almoçar e se encontrou com a amiga. Elas foram a um ótimo lugar.
–Como foi a cobertura, Sarah?
–Ocorreu tudo bem. Começar a edição hoje. E a sua?
–Estou construindo a página da revista. - fez uma careta – E você não sabe da novidade...
–Qual?
–Recebi um buquê de flores “daquele menino do karatê”.
–Mentira! Calúnia! E o que dizia?
–Ele quer me ver de novo e vai me ligar.
–Isso é ótimo, Amélia.
A garota deu um sorriso bobo só de se imaginar falando com ele ao telefone.
Sarah perguntou outra coisa:
–E o pessoal comentou alguma coisa?
–Não que eu tenha ouvido.
O resto do horário se passou com Sarah contando, detalhadamente, sua cobertura.
As amigas retornaram ao trabalho e chegaram um pouco mais cedo que os colegas e foram adiantando o que tinha a fazer. Sarah e Amélia podiam ouvir, pouco depois, os outros se aproximando e perceberam sobre o que conversavam: Amélia e o buquê que recebera.
–A garota mal chegou e já está ganhando flores, eu em! - falou uma
–Quero saber quem foi que mandou isso para ela. Ela não é isso tudo! - comentou outra
Elas fingiam não estar prestando atenção. Porém, uma troca de olhares e o gesto de Amélia, como se estivesse limpando algo que escorreu da boca bastou para entender: Olha o veneno escorrendo pelo canto da boca. Com outro olhar, Sarah riu e concordou.
Alguns minutos depois, o telefone de Ame´lia tocou. Ela sabia quem era mesmo que o número não estivesse em sua agenda. Foi a um lugar mais reservado para atender.
–Alô?
–Amélia, oi! É o Marc.
–Eu sei. Pressenti que era você.
–E também já sabe porque eu liguei. Quer jantar comigo hoje?
–Claro que sim! - respondeu sorrindo
–Eu te pego na sua casa. Tem problema?
–Não. Nenhum.
–Ok então. Deixa eu ir, tenho que treinar.
Amélia deu um risinho.
–Tchau!
–Tchau.
A jornalista voltou a sua mesa. Sarah perguntou:
–Quem era?
–Você sabe quem.
–Ah tá. - e riu
–Não se preocupe, ainda vou querer carona para casa.
E as amigas prosseguiram com o trabalho.
Marc treinava com Rafael e o Sensei. Ele aproveitou um intervalo para ligar para Amélia.
–Ligou para quem, Marc?
–Para “quem você não vai acreditar que eu reencontrei”.
–Amélia? - se meteu o Sensei
–Ela mesma!
Rafael fez uma careta de “eu não acredito”. O Sensei abriu um enorme sorriso. O treino durou mais algumas horas. Marc tomou uma ducha e foi para casa se trocar para poder buscar Amélia.
As amigas saíram do expediente e voltaram ao apartamento. Amélia se arrumou caprichadamente e ficou ansiosa esperando.
Meia hora depois o lutador ligou e disse que chegara. A garota se despediu da amiga, cheirou suas flores e desceu.
Marc a aguardava com um sorriso no rosto. Se cumprimentaram com um beijo.
–Eu não acredito que você ainda tem isso. - disse se referindo ao colar com pingente de luvas
–Ele é da sorte!
Entraram no carro.
–Para onde vamos?
–Vai reencontrar alguém que não vê há anos.

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