No meu intervalo de almoço, enquanto o escritório estava vazio fui ler mais um trecho do diário.
O
que eu estava preparando para Kazuko era uma digna festa surpresa. Mas
eu chamei pessoa de quem ela gostava muito: família e amigos. Entrei em
contato com a mãe dela, Saiko, e organizei tudo com a ajuda dela. Ela se
tratou de chamar os convidados e eu auxiliei com o resto. Decoração,
doces, bolo, outras coisas. Combinei também o horário que levaria
Kazuko, já que a festa seria na antiga casa dela, do lado pobre da
cidade. Aproveitei e pedi um dia de folga para isso.
Li um pouco e finalmente cheguei a data do dia seguinte do aniversário dela. Foi quando escreveu sobre a surpresa.
“Querido diário,
eu
sou agora uma pessoa maior de idade. Completei dezoito anos finalmente.
Não foi do jeito que eu queria que fosse, de acordo da forma que a
minha vida se encontra agora. Mas até que foi melhor do que pensei que
seria.
Eu
acordei bem desanimada e cheguei até a ficar pior ao olhar o
calendário. Makoto abriu a porta, ele estava vindo me acordar. Só que
como já estava desperta, falou me abraçando:
-Feliz aniversário, Kazuko!
-Obrigada, Makoto! - respondi desanimada
-Ora, vamos, pare com isso. Hoje é seu dia.
Então, notei que horas o relógio marcava.
-Não vai trabalhar?
-Não! Passarei o dia com a aniversariante.
-Ah, Makoto. O que vamos fazer? - indaguei já esperando uma lista de atividades que seriam bem chatas
-Eu tenho uma surpresa para você.
Fiz
uma careta, contudo uma pontinha de curiosidade veio também. Acabei de
me arrumar e descemos. Entrei no carro e ele pegou um lenço e iria
amarrá-lo no meu rosto.
-Ei! - reclamei
-Preciso vendar você para a surpresa.
-Eu fecho os olhos quando estivermos perto.
-Não! Tem que ser durante o caminho todo.
Soou
como uma ordem. E eu acatei. Ele me vendou e seguimos viagem. Foi uma
boa meia hora sem ver nada. Não sabia o que pensar, só sentia o carro
andando. E de repente, percebi que ele parou. Makoto bateu a porta do
carro abriu a do meu lado depois e me guiou na saída do carro. Andei um
pouco e senti um cheiro familiar. Ele me levou até o lugar e tirou a
venda. Ouvi e vi pessoas conhecidas gritando “Surpresa” e depois
parabéns para mim. Um sorriso, que há tempos não fazia, se acendeu.
Minha mãe correu para me dar um abraço, minhas amigas em seguida. Recebi
também “Feliz aniversário” delas.
Todos
presentes. Família e amigos. Eles me fizeram uma festa surpresa, algo
que nunca tive na vida. O ambiente da minha, agora antiga, casa estava
como em todos meus aniversários. Decorado com balões, fitas, uma mesa
com doces, bolo e uma faixa escrito: Feliz Aniversário, Kazuko. Esqueci
do Makoto e fui ficar com meus convidados.”
Pois
é, eu fiquei em um canto isolado durante toda a festa. Somente Saiko
que vinha falar comigo de vez em quando. Mas, isso faz parte.
“Minhas
amigas contaram como andavam suas vidas. Algumas completaram dezoito
anos e curtiam sua liberdade. Outras ainda com medo de serem compradas
por serem obrigadas a ir ao centro de escravos todas as noites. Logo,
elas foram querer saber como eu estava:
-E você, Kazuko?
-Eu estou bem. Levando tudo na medida do possível.
-Poxa, o seu dono te trata tão mal assim?
-Pois é, ele que organizou essa festa para você. Falou com a sua mãe e também viu o melhor horário para que pudéssemos comparecer.
Eu não sabia desse detalhe. Procurei por ele e o vi em um canto, ele me sorriu. Respondi.
Outra amiga continuou:
-Mas tem alguma coisa. Você tá com uma carinha abatida.
-É! Aconteceram umas coisas.
Acabei contando os ocorridos dos últimos meses, destacando o incidente no aniversário do Makoto e minha gravidez.
-O quê? Ficou grávida? Como?
-Ficando oras! Não pude tomar o remédio por uns dias e aconteceu.
-E ele? O que fez quando descobriu?
-Ele me apoiou. E fez da mesma forma quando perdi.
-É, Kazuko, tirou a sorte grande. Conseguiu um bom dono!
-E bonito também!
Todas
nós rimos desse comentário. Passamos as horas seguintes falando
besteira e jogando conversa fora. Infelizmente, elas tinham que sair.
Algumas voltariam para casa, e outros iriam ao centro de escravos.
Cantamos o parabéns, cortamos o bolo e os convidados foram embora. Isso indicava que logo eu voltaria também.
Ajudei a minha mãe a arrumar tudo e fui ao meu quarto para poder sofrer de nostalgia.
O
quarto estava do mesmo jeito que me lembro. Vi todos os meus livros na
estante, minha escrivaninha e minha cama, onde eu deitava todas as
noites e agradecia por ter mais um dia de liberdade. Com exceção de uma
noite, quando fui comprada por Makoto, o travesseiro sabe o quanto
chorei.
Joguei-me
na cama e respirei fundo. Pensei em tudo o que passei. Foi ruim, mas
poderia ter sido bem pior. Minhas amigas têm razão: tirei a sorte
grande, consegui um bom dono.
Makoto entrou.
-Kazuko, hora de voltarmos.
Sabia que isso chegaria. Levantei. Ele continuou:
-Este era o seu quarto?
-Era!
-É bem a sua cara! - comentou com sorriso no rosto – Se quiser pegar algo para levar.
-Posso?
-Claro que pode. Estou te esperando lá em baixo.
Só peguei alguns livros que estava com vontade de ler de novo e os meus presentes. Despedi-me de mamãe.
-Tchau, mãe. Foi tão bom te ver.
-Também acho, filha. Feliz aniversário de novo e se cuide em, fiquei assustada com essa história da gravidez.
-Eu sei. Se eu pudesse conversar com você quando aconteceu. Mas o que podemos fazer, né, mãe? Eu não comando a minha vida.
-Adeus, Sra. Saiko.
-Tchau, Makoto. Foi um prazer te conhecer.
-Igualmente.
Abracei-a
forte e entrei no carro. Makoto me perguntou no caminho se eu me
diverti, respondi que sim. Cheguei a casa e estava organizando meus
presentes no quarto. Logo, Makoto me interrompeu para o jantar que Keiko
deixara pronto, pois foi embora mais cedo. Iria voltar ao que fazia,
contudo Makoto pediu minha presença no quarto.
-O que foi, Makoto?
-Ainda estão faltando alguns presentes meus.
-Achei que a festa fosse o meu presente.
-Também. Só que tem mais coisa.
Eu
me aproximei da escrivaninha dele e tinham três embrulhos. Um maior, um
médio e um mais comprido, porém fino. Escolhi o maior primeiro. Era um
computador portátil. Uma caixa que ser ligada projeta a imagem para
frente e seus mecanismos de uso (mouse e teclado) são projetados do
outro. Um computador holográfico. Abri um sorriso e agradeci. Fui ao
próximo, de tamanho mediano. Este era um celular, tão fino e
transparente quanto uma placa de vidro. Agradeci novamente e questionei:
-Para quê tudo isso, Makoto?
-Calma! Abra o terceiro presente.
Fiz
o que ele disse e quase cai para trás. Era um documento. Seria uma
carta de alforria? Não! Quando li melhor vi que era só para “liberdade
diurna”. Havia uma espécie de identidade com uma foto minha.”
Isto foi o motivo que me fez chegar mais tarde em casa. É algo que existe, mas, como é raro, é bem complicado de fazer.
“-Liberdade diurna? O que significa isso?
-Quer dizer que pode sair daqui durante o dia. Passear, visitar seus parentes e o que mais quiser.
-Sério? - falei empolgada
Ele assentiu.
-Obrigada, Makoto. - abracei-o, mais feliz do que podia imaginar
Quando
desvencilhei dele, ele estava sorrindo e me olhando nos olhos. Ficou
parado por uns segundos, antes de se aproximar e me beijar. Exatamente
isso: ele me beijou! Puxo-me para perto de seu corpo e eu correspondi
aos movimentos dele instintivamente. Não sei o porquê!”
Esse beijo não estava no script. Foram os meus sentimentos por Kazuko já aparecendo.
“O
momento que nos separamos foi uma troca de risos bobos e Makoto dizendo
que faltava ainda mais uma coisa. Mandou-me deitar na cama e assim fiz.
Tirou
apenas a parte de baixo das minhas roupas. Masturbou-me um pouco com os
dedos. Pensei que ele arrancaria as calças e começar o que interessava,
mas não. Ele dirigiu a cabeça para minhas partes íntimas e eu senti uma
lambida em seguida. Não achei nojento, aquilo me excitou. Ele continuou
fazendo. Lambia, sugada, mordiscava, explorava cada canto daquele
lugar. Eu respondia com gemidos agudos que começavam a me secar a
garganta.
O
dedo voltou junto com a língua depois, o que aumentaram ainda mais os
meus sons. Ele manteve o ritmo por alguns minutos, até que eu senti um
calafrio subir na espinha e eu soltei o gemido mais forte que consegui.
Makoto saiu com sorriso malicioso e comentou:
-Você gozou. Achei que tinha enferrujado nisso. Pode colocar sua roupas e voltar pro seu quarto.
-Makoto! - chamei-o – Vem! Faça isso comigo.
-Como é que é?
-Transa comigo!
Ele
podia bem me ignorar, mas acho que os meus gemidos o excitaram.
Penetrou e começou os movimentos de vai e vem, devagar e acelerando logo
em seguida. Não tinha controle dos sons que emitia, eles apenas saíam, a
cada estocada que Makoto dava. Eu devia estar mais sensível que o
normal.
Após alguns minutos, ele finalmente gozou, deitou-se sobre mim, tentando recuperar o fôlego. Pude ouvi-lo sussurrar:
-Kazuko.
Sorri por dentro. É uma sensação boa quando dizem o seu nome nessa circunstância.
A
atitude seguinte dele me impressionou. Levantou e me deu outro beijo,
este que foi tão bom quanto o anterior. Dessa vez não teve nenhum riso.
Ele me olhou sério, saiu de dentro de mim e se ajeitou, ficando de
barriga para cima. Colocou a minha cabeça sob o seu peito, desejou-me
boa noite e adormecemos.
Eu ainda estou tentando entender o porquê dos dois beijos. Admito que gostei! Só quero saber os reais motivos dele para tal.
Agora, tomarei meu banho matinal.”
Os
motivos para tudo isso foram eu simplesmente querer ver Kazuko bem,
ainda mais depois do que ocorrera. E também já estava me apaixonando por
ela. Só não sabia disso ainda!